ELIO emociona com aventura espacial sobre pertencimento
Em Elio, nova animação da Pixar, o espaço sideral serve de palco para uma história sensível sobre pertencimento, luto e relações familiares com muita emoção.
Depois de brinquedos, carros e sentimentos, agora é a vez dos alienígenas. Mas não somente eles, pois a relação dos humanos e dos ET’s é um dos pontos principais de Elio. A sua equipe de direção e roteiro conta com nomes que colaboraram com diversas outras queridas produções, como Os Incríveis 2 (2018), Luca (2021), O Bom Dinossauro (2015), Viva: A Vida é uma Festa (2017), Soul (2020) e Red: Crescer é uma Fera (2022).
A experiência de assistir Elio na telona foi deliciosa. Uma explosão de cores e elementos visuais aguarda o telespectador, com figuras alienígenas cheias de charme. E, apesar da minha resistência como usuária de óculos, vale a pena assistir ao longa em 3D, desde que em uma boa tela, é claro.
Para além da questão visual, que segue trazendo o capricho e detalhe dos trabalhos de animação das duas empresas, o roteiro traz uma história delicada e emocionante. Assim como em Divertida Mente, aqui o foco é em uma criança em processo de transformações e mudanças.
O pequeno Elio perdeu os seus pais, tendo a sua tutela passada para a tia Olga. Entre o trauma, o luto e a busca por entender o seu lugar no mundo, Elio se apega à temática do espaço sideral e da possibilidade de vida fora da Terra. Essa paixão se dá por conta do trabalho de Olga, que é Major no Exército em uma base que controla sinais e interferências ao redor do planeta.
Sem amigos, em um novo lugar, Elio inicia uma jornada por ser abduzido, acreditando que o espaço é o único lugar onde pode se encaixar. Quando isso acontece, entramos em uma parte divertida, criativa e ainda mais colorida do filme.
Elio mostra sua coragem, inteligência e sua habilidade em resolver problemas de forma muito envolvente, mesmo com sua pouca idade e com bastante ingenuidade. Um personagem carismático e bastante realista.
Seu novo melhor amigo, Glordon e toda a aventura que os dois embarcam juntos, é cheia de fofura e ternura, mostrando uma amizade genuína e sem julgamentos. Assim, o filme nos mostra (ou nos lembra) esse super-poder que toda criança naturalmente tem: o de ver o outro de forma pura.
A trama ganha muitos pontos também pela participação e presença da tia Olga durante tudo isso, lembrando em certos pontos a relação de Nani e Lilo, na já clássica animação de 2002 Lilo & Stitch (que ganhou uma versão em live-action recentemente e que você pode saber mais aqui). A participação de adultos nas jornadas fantásticas das crianças em animações e longas-metragens de filmes infantis/familiares muitas vezes é ignorada, inclusive, até gerando teorias de que o que vemos na tela são sonhos dos pequenos, mas não é o que temos aqui.
A relação de Olga e Elio acaba sendo um dos pontos centrais da trama. Cada um precisou passar por provações para entender o seu papel nessa nova configuração familiar, em uma trajetória delicada, relacionável e cheia de realismo, apesar do tom fantástico por trás. E, como é de se esperar, há momentos em que essa emoção toma conta do telespectador. Por isso, não se surpreenda se uma gota (ou mais) cair do canto do olho!
Assim, Elio é uma história de superação, de luto, de amadurecimento, de construção de relacionamentos. E o filme nos mostra que, em qualquer canto do universo, o maior desejo continua sendo o mesmo: pertencer e ser amado.