Festival de Cinema

Direção e equipe técnica falam sobre a produção de João, o Maestro

Direto do Festival de Cinema de Gramado

João, o Maestro foi o filme convidado escolhido para abrir o 45º Festival de Cinema de Gramado. O longa foi exibido na sexta-feira, dia 18, e a crítica já está aqui na Vigília. No sábado, foi realizado um debate sobre João, o Maestro, com a presença do diretor Mauro Lima, da produtora Paula Barreto e de parte do elenco.

Paula foi a primeira a pegar o microfone e falar sobre o filme, lembrando que este longa demorou cinco anos para ficar pronto e que foi realizada um engenharia financeira para viabilizar a produção. No total, foram gastos cerca de nove milhões de reais, e que alguns ajustes precisaram ser feitos.  “Quando levamos um filme para fora, surpreendemos os outros produtores com o baixo orçamento dos filmes brasileiros”, falou Paula. Questionada sobre algumas mudanças de alocações no roteiro do filme, como a substituição de Cartagena, na Bolívia, por Montevidéo, no Uruguai, a produtora explicou que houve uma falta de parceria com a primeira opção, então foi feita uma adaptação. Além disso, segundo Paula, Montevidéu tem alocações mais acessíveis, com três teatros e ainda brincou que a cidade é praticamente “de época”. A produtora disse também que uma parte da produção ocorreu em Nova York, nos Estados Unidos.

Uma das curiosidades trazidas pela produção e pelo elenco é que o Maestro João Carlos esteve, durante todo o tempo, acompanhando a produção. Segundo a produtora, o maior medo de João seria a sincronicidade, já que estava preocupado com a veracidade da apresentação. Ele gostaria que as apresentações de piano parecessem o mais reais possíveis. A presença de João no set de filmagens mexeu também com Rodrigo Pandolfo, que viveu o ator em sua juventude. Para o ator, esse foi um papel especial, já que ele pôde se doar para um personagem tão diferente. “João é uma persona que tamém sou. Mas é uma novidade para o público, que não está acostumado a me ver desta forma”, disse Pandolfo. Para o ator, um dos maiores receios era que João desaprovasse a sua versão dele mesmo. O que não foi verdade. O Maestro deu dicas para o jovem ator e disse, segundo Pandolfo, “enterra a cara no piano”, e foi isso que Pandolfo fez. “Eu pensava nisso em todas as músicas, passava do carinho ao ódio, vivia a relação passional com o piano”, falou. Certa vez, em um dia de gravação, Pandolfo quis saber se poderia representar uma versão do ator mais marrento. Mauro Lima tomou coragem e perguntou ao maestro, que respondeu “Claro, nessa época eu me achava pra caralho. Humildade aprendi com o tempo”, disse ele.

Mesmo vivido por três atores diferentes, é possível ver na produção que todos estão muito sincronizados. Segundo Pandolfo, essa unidade foi graças ao diretor, já que eles se encontraram poucas vezes e não contracenaram em nenhuma cena. Mauro Lima, além de diretor, é roteirista do filme. Ele conta que, para roteirizar a produção, esteve perto do maestro e, quando achava que João não contava as histórias que ele queria saber, ele apelava para o biógrafo, responsável pela biografia de João Carlos, Ricardo Carvalho.

João, o Maestro

Dirigo e roteirizado por Mauro Lima, João, o Maestro é um filme inspirado na história de João Carlos Martins, um obsessivo pianista, um dos únicos músicos do mundo a gravar a obra completa de Bach. O filme traz, em seu papel principal os atores Alexandre Nero, Rodrigo Pandolfo e Davi Campolongo, vivendo as diferentes fases de vida do maestro.

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