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Creed 2: conflitos internos e muita emoção

Devo começar comentando que sou fã de Rocky desde criança. O primeiro “Creed”, em minha opinião, veio como uma forma de resgatar o passado, dando continuação à saga de Balboa de uma forma inovadora e instigante. E Creed 2 segue a mesma linha.

O filme se passa três anos após o primeiro, com Adonis (Michael B. Jordan) tendo saído campeão de uma série de lutas, o que culminou na sua vitória do cinturão peso-pesado de boxe. Enquanto isso, um promotor de boxe, Buddy Marcelle (Russell Hornsby), acompanhou de perto a carreira de boxeador de Viktor Drago (Florian Munteanu), filho de Ivan Drago (Dolph Lundgren) e convence a dupla a ir para os Estados Unidos para desafiar Adonis para uma luta que desde seu pensamento inicial já se desenha dramática.

Em Rocky IV vimos Ivan matar Apollo (Carl Weathers), pai de Adonis, em combate, motivo que o incentivou a aceitar a luta, mesmo que sem o apoio de Rocky (Sylvester Stallone). No mesmo momento, descobrimos que Bianca (Tessa Thompson) está grávida. Com um filho a caminho e uma grande luta por vir, Creed tem muito com o que se preocupar.

Michael B. Jordan é Adonis e Sylvester Stallone volta como o clássico Rocky Balboa

Após mais de 30 anos da luta entre Apollo e Ivan, fãs e comentaristas de esporte aparecem, na trama, empolgados e surpresos com mais uma luta Creed x Drago. Essa emoção ultrapassa a tela, alcançando os fãs reais, que talvez derramem uma lágrima ou duas.

O filme, dirigido por Steven Caple Jr., mostra que por trás do grande espetáculo que virou o mundo da luta, existe dor, pressão e ressentimentos. Os conflitos internos dos personagens têm aqui grande espaço, principalmente os de Adonis e Viktor. Inimigos de nascença, cada um sente que precisa carregar o nome da família para a vitória. Porém, vitórias nem sempre são sobre títulos ou cinturões.

Por mais que Drago seja o oponente, o “vilão” da história, suas pretensões são baseadas em tudo que conhece: dor e sofrimento. Criado à base das expectativas do pai, Viktor é quase uma máquina de boxe, uma vez que, após a derrota de Ivan para Rocky na Rússia, suas vidas nunca mais foram as mesmas. Aqui acontece, em menor escala, o que vimos em Pantera Negra, onde a complexidade do confronto entre o lado “bom” e o lado “mal” torna-se vital para a trama.

Em meio a muitos conflitos, Adonis busca o verdadeiro sentido de sua luta

Rocky, nessa obra, é como a voz da consciência de Adonis. A recusa em apoiá-lo em sua primeira luta contra Drago veio por conta dos traumas do passado e pela certeza de Rocky de que o seu garoto não estava pronto para isso. Ao longo do filme ele surge, durante uma jornada de reflexão e mudanças que Creed precisa passar, sempre usando a palavra da experiência. Entretanto, ele não fica de lado, possui seus próprios conflitos e precisa decidir como reatar sua relação com o filho Robert (Milo Ventimiglia).

Uma trilha sonora excelente embala Creed 2, que mistura elementos do passado com a identidade dessa nova fase da saga. A clássica trilha de Bill Conti obviamente marca presença, acelerando o coração do telespectador em momentos de pura tensão e emoção.

O que senti falta, talvez pela nostalgia, foi de pelo menos mais um momento entre Stallone e Lundgren, que possuem, basicamente, uma única interação.

Creed 2 é emoção do início ao fim. Michael B. Jordan brilha mais uma vez, mostrando a que veio. A jornada de seu personagem para descobrir pelo que luta e quem realmente quer ser, não deixa dúvidas de que, tanto Jordan quanto Creed têm uma longa carreira de sucesso pela frente.


Veredito da Vigilia

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