CríticaFilmes

Green Book – O Guia: Um road movie cheio de lições | Crítica

Chegando aos cinemas brasileiros já com cinco indicações ao Oscar 2019, Green Book – O Guia é um dos melhores filmes para se assistir, dar risadas, apreciar uma boa música e conhecer uma história cheia de paradoxos sociais nos Estados Unidos nos anos 60. Baseado em uma história real, temos Viggo Mortensen (indicado ao Oscar como Melhor Ator) no papel do motorista/segurança ítalo-americano Tony Lip, que após o fechamento temporário da boate em que trabalha, vivendo no Bronx (Nova Iorque) tenta manter a família em uma época de crise e pobreza.

É quando surge uma vaga de motorista, para um levar um doutor renomado, que depois descobrimos ser o pianista negro de jazz Don Shirley (vivido pelo também indicado ao Oscar, aqui de Melhor Ator Coadjuvante, Mahershala Ali) em uma turnê pelo sul dos Estados Unidos.  A turnê teria duração de dois meses, encerrando próximo ao Natal. Mas Tony não aceita, pois nunca tinha ficado tanto tempo longe da esposa Dolores (Linda Cardellini) e dos filhos. Tony é o legítimo americano de descendência italiana que poderia estar em O Poderoso Chefão ou Sopranos: comilão, beberrão, brigão, vocabulário chulo, preconceituoso (e aqui começam uma das principais tramas da história), mas com grande amor pela família e o seu trabalho. É esse preconceito, principalmente com os negros, que o faz não aceitar inicialmente a proposta do Doutor Don Shirley, até por não entender como um negro nos anos 60 pode ser tão bem sucedido e rico. Normalmente os negros são os mais pobres e os brancos estão acima de tudo. Realidade que infelizmente persiste até hoje quase no mundo todo.

Um italiano normal é sempre um italiano com fome!

É por essa situação que, ao pegarem a estrada, o Doutor apresenta a Tony o tal Guia para negros viajarem pelos Estados Unidos, o tal Green Book. Este livro mostra todas os hotéis e restaurantes que aceitam negros nas estradas e cidades que viriam a percorrer. E assim tem início um road movie, onde os dois devem aprender a se suportar e acima de tudo, sobreviver a uma onda de discriminação no ápice de sua violência e preconceito.

O filme tem como uma de suas características, até pelo papel secundário, excelentes músicas, tanto de jazz pela história de Don Shirley, como do blues e soul pelo toca fitas de Tony, então tenha certeza que sairá da sessão estalando os dedos em ritmos bem empolgantes.

Mahershala Ali em busca de sua segunda estatueta do Oscar

Green Book tem na direção Peter Farrelly, também conhecido pelos nossos filmes preferidos de comédia como Debi & Lóide (1994)  e Quem vai Ficar com Mary? (1998), esses em parceria com seu irmão Bobby. E aqui Peter utiliza a comédia de forma leve, apenas para estereotipar Tony (e sua fome imensa), e o drama que também não nos faz sair numa “bad” da experiência.

A Vigília coloca suas fichas no nosso eterno Aragorn e recomenda!


Veredito da Vigilia

Éderson Nunes

@elnunes

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *