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Live-Action de Como Treinar o Seu Dragão vale a pena?

Em meio a adaptações mornas como A Pequena Sereia e O Rei Leão, em que a Disney parece ter perdido a mão, a Dreamworks já começa a despontar na frente. Após a empresa do Mickey ter, aparentemente só conseguido ser verdadeiramente feliz com a adaptação de Lilo & Stitch (apesar de ter gerado polêmicas entre os fãs), Como Treinar o Seu Dragão faz uma boa estreia.

As versões live-action vêm tomando os cinemas nos últimos anos, buscando trazer uma geração mais nova para se apaixonar por suas queridas propriedades intelectuais. Falhando constantemente em gerar bons resultados, muitas vezes, apenas o público mais jovem, que consome com menos expectativa de fidelidade ou complexidade, é quem sai feliz de verdade.

Nesse cenário, Como Treinar o Seu Dragão parece ser um ponto positivo, respeitando a essência da animação original, mantendo o tom emocional e visual, mesmo com as adaptações necessárias para o live-action. Como a maioria dessas adaptações, o longa parece ser totalmente desnecessário, visto que a animação original, lançada em 2010, continua relevante visualmente. A diferença é que aqui foi bem executada na escolha de elenco, efeitos visuais e em ser praticamente uma cópia cena por cena. E isso pode ser algo bom ou ruim, mas nesse caso, como o material base é muito bom, vamos encarar como algo positivo.

O resultado é um filme que funciona bem para quem não conhece a versão original e que também pode agradar os fãs de longa data. Bem “família”, Como Treinar o Seu Dragão é sobre amizade e coragem, tal qual o seu antecessor. E para os fãs, a sensação de ver o Banguela de forma mais realista, aquece o coração, assim como a mensagem principal da animação, que permanece nessa versão.

O elenco foi um ponto muito assertivo. Gerard Butler, que assumiu o porte parrudo, se encaixou muito bem como o líder Stoico; assim como o jovem Mason Thames (que esteve em Telefone Preto), que nos deu um Soluço destrambelhado, inteligente e gentil digno da animação original. Nico Parker, de The Last of Us, também acertou como Astrid, a guerreira destemida.

Além disso, os dragões, é claro, são um ponto alto. Com bons efeitos, temos aqui versões mais realistas desses seres místicos tão adorados pelo público. Escamas, asas e até expressões nos deixam ainda mais apaixonados por Banguela e seus parceiros. O visual de época, que nos traz essa tribo de Vikings em uma ilha remota, lar de Soluço e sua família, também funciona, com lindas paisagens de fundo.

Mesmo com o risco da redundância, a adaptação Como Treinar o Seu Dragão surpreende ao preservar as lições originais e renovar a emoção com uma nova roupagem visual. Mesmo em um mundo fictício, com figuras e animais fictícios, o longa acerta em ter como principal conceito questões simples, como relacionamentos, empatia e união.

A relação de pai e filho entre Stoico e Soluço, que precisam se reconectar após a partida da mãe retrata um conceito recorrente em famílias, que se encontram em novas configurações após a perda de um ente querido. O nosso jovem protagonista também nos mostra que ser diferente é algo bom, pois o mundo constantemente requer diferentes visões para evoluir. 

Talvez não precisássemos de uma nova versão de Como Treinar o Seu Dragão mas, se todas fossem feitas com esse cuidado, o cenário hollywoodiano pareceria um pouco menos preguiçoso.

Veredito da Vigilia

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