Cheio de diálogo, A Fera na Selva tem sua estreia no 45º Festival de Cinema de Gramado
Direto do Festival de Cinema de Gramado
Se você conhece a obra do escritor norte-americano Henry James, esse será seu candidato a melhor filme no Festival de Cinema de Gramado.
De produção impecável, o filme tem um elenco afiadíssimo, visto que o casal Paulo Betti e Eliane Giardini, que interpretam os protagonistas, amam o material original e além de atuarem, produzem e dirigem o longa com o apoio de Lauro Escorel.
Não li o texto original, embora eu tenha gostado bastante da história, creio que a experiência da leitura seja superior a do filme, que tem diálogos incríveis e talvez com um pouco mais de calma e carinho na leitura pode trazer uma percepção e compreensão (por vezes me peguei pensando em diálogos anteriores ao que estava ocorrendo no tempo real do filme).
É isso, o filme é diálogo sem pausa. Uma ou outra cena mostrando a bela paisagem e arquitetura de Sorocaba e interior de São Paulo. Mais e mais diálogos. Não é um filme para grande público, visto que os olhos menos apurados podem cansar pelo excesso (e necessário) diálogo.
Diálogos que contam a história de João e Maria, que após muitos anos se reencontram e tentam relembrar do momento que tiveram no passado. Momento esse que João, até então desconhecido de Maria, sente uma intimidade muito grande entre eles e conta um segredo que nunca contou a ninguém. No reencontro, relembram disso e passam a conviver mais e mais em torno do segredo, ambos esperando se concretizar.
Um dos fatores que apoiam o elenco é a narração, há um narrador protagonista, com uma voz consistente e que insere concentração no contexto. O filme é uma produção antiga, baseada na peça e livro de mesmo nome, após alguns anos de produção parada ela retornou em 2015, tendo a voz já gravada pelo nosso eterno apresentador e ator José Wilker (in memorian).
Foto: Diego Vara/Pressphoto