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Babilônia: Damien Chazelle entrega um drama musical, escatológico e exagerado

Estreia dia 19 de janeiro Babilônia, novo filme de Damien Chazelle com Margot Robbie e Brad Pitt

Depois de apresentar Whiplash!, La La Land e O Primeiro Homem, Damien Chazelle aumentou (ainda mais) o volume em um de seus filmes. Babilônia, que reúne a atriz do momento Margot Robbie (Eu, Tonya, O Esquadrão Suicida) e o astro de quase duas gerações, Brad Pitt (Trem Bala), é um filme exagerado em todos os sentidos. Escatológico também, mas ainda assim, honesto por sua proposta. Desde os primeiros segundos de filme você saberá que está entrando em uma viagem caótica com os dois pés no acelerador, cheia de idas e vindas, e a mescla de estilos e gêneros que Chazelle ainda não tinha nos proporcionado. Pelo menos não nessa potência. Ainda assim, alerta total: Babilônia é o típico filme que divide a platéia; tem 3 horas e 9 minutos e não é para o paladar de qualquer um.

Sobre a honestidade da produção, ela se prova também na sinopse: “Um conto de ambições exageradas e excessos escandalosos, o filme traça a ascensão e queda de múltiplos personagens durante uma era de desenfreada decadência e depravação no início de Hollywood”. É exatamente isso. E como de praxe, temos a música sempre nos levando de um ponto ao outro. Não é um musical típico, como La La Land, onde todos param e saem cantando DO NADA (risos), mas os números estão todos lá, seja em festas regadas a muito álcool e drogas (todos os tipos possíveis) ou um videoclipe acelerado mostrando determinadas situações e transições de épocas. Embora eles tenham um poder de síntese, vou novamente pontuar: o filme tem 3h09, e isso deve ser decisivo para o longa não ter ido bem em sua bilheteria nos Estados Unidos. Por lá, o longa estreou no final de 2022.

Brad Pitt em Babilônia
Brad Pitt é Jack Conrad e Diego Calva é ‘Manny’ Torres em Babilônia.

Com o clássico esmero na parte musical, técnica – figurinos, montagem de produção e fotografia, está tudo no lugar! – dramática, acompanhamos a saga de diferentes personagens que permeiam a evolução do cinema e da indústria cinematográfica. Entre eles, Margot Robbie, uma menina/mulher do interior que é descoberta no cinema mudo, mas que terá todas as dificuldades com a chegada do cinema falado, Brad Pitt, que emula a mesma situação, embora esteja no final de uma brilhante carreira e ainda tem suas oportunidades; o imigrante mexicano vivido por Diego Calva, que sai de um mero empregado a grande produtor de cinema, e Jovan Adepo, um excelente trompetista negro que vai entrar no embalo da música no cinema e na TV.

Chazelle pesa a mão na questão pessoal de cada um deles e em uma visão de propósito… de ser e permanecer importante em um mundo que, cedo ou tarde vai acabar lhes (nos) descartando, com raras exceções. E essa mensagem é o que temos de grande ponto positivo (é até expositivo demais), além da já comentada trilha sonora, sempre no talo (pelo menos no cinema que assisti), e que é a melhor forma de absorver um filme do diretor. Neste quesito, ele é, novamente, um esplendor. Mas… (lá vem o MAS para estragar, né?). 

Babilônia é puro caos
Margot Robbie é Nellie LaRoy em Babilônia.

Mas Babilônia é também um filme que mistura de tudo um pouco, até abraçar o escatológico, o creepy e o bizarro. O último terço é um misto de emoções, com direito a participação especial (e igualmente bizarra) de Tobey Maguire. Algo que pode ser elencado, em uma mesma frase, como genial, impulsivo e quase improvisado. Há um deslocamento total do que vimos até então (um filme musical de época que critica e aplaude Hollywood de forma excêntrica) para uma edição de homenagem ao cinema que destoa completamente e nos tira da zona de conforto e do mundo até então apresentado durante todo tempo de exibição da película. Confesso que gostei da pitada esquizofrênica, ao mesmo tempo que imagino ter sido algo completamente desprovido da ideia inicial do filme. Algo como “vou tocar o louco aqui e era isso … e mais, não precisamos de edição nesse filme” (risos). É impossível negar, ficou diferente. Bem diferente.

Veredito da Vigilia

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