CríticaDestaque - MédioFilmes

Wonka deixa a megalomania e aposta na ingenuidade

Dificilmente sua infância não foi marcada por uma busca incessante por um bilhete dourado que leva a um lugar onde todo sonho doce acontece – e altas confusões também. A Fantástica Fábrica de Chocolate de 1971, entrou no imaginário e foi um clássico da Sessão da Tarde. Em 2005, o respeitado e sombrio Tim Burton resolveu reviver a trama e deu ares diferentes para esse clássico. Em 2023, temos outra visita ao doce mundo do chapeleiro maluco dos chocolates. Wonka, com Timothèe Chalamet chega aos cinemas em um musical assinado pela Warner.

Claro que revisitar um clássico é sempre um desafio. Crescemos assistindo Gene Wildner e depois, vimos Johnny Depp nesse papel. Um mais inventivo, o outro flertando com a loucura. Mas uma característica era comum aos dois: a megalomania. Tudo era muito. E então temos o primeiro erro nesse prequel: a ingenuidade de Wonka vivido por Chalamet. Na primeira cena, já musical, vemos todos passando o inventor para trás. Seu pouco dinheiro é usurpado por uma sequência de ingenuidade, momentos em que ele foi bobo e até mesmo quando pagou uma multa por sonhar.

O diretor Paul King, responsável por As Aventuras de Paddington, cria uma Londres dos anos 1920 que parece muito similar ao que vimos anteriormente na própria Warner. O cenário muitas vezes lembrava de Animais Fantásticos e o enredo de magia ia para esse mesmo lado.

De acertos, temos a excelente Olivia Wilde. A oscarizada atriz parece estar totalmente à vontade em uma caricata vilã, no tom que se espera para um filme que vai arrancar risadas. Falando em divertir, podemos dizer que um dos pontos altos é Hugh Grant. Esqueça aqui o galã. Grant se despiu do seu charme e se tornou um homenzinho laranja que vai divertir. Sua presença em cena é notada e rouba todos os holofotes.

Contudo, diversos pontos incomodaram muito em Wonka. A utilização da gordofobia como subterfúgio para o humor não poderia mais estar presente em um filme feito em 2023, por exemplo. O ritmo também peca. Apesar de ter menos de duas horas de duração, o filme tem cenas muito extensas e alguns números musicais que deveriam divertir, mas ficam aquém do esperado.

Wonka entrega um filme que, diferente das duas versões de A Fantástica Fábrica de Chocolate, não dá vontade de ver, rever e olhar mais uma vez. Falta magia, falta cor, falta invenção e, principalmente, falta malemolência. O roteiro pueril não faz jus ao inventor dos bilhetes dourados mais cobiçados do mundo.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *