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Vingadores: Ultimato, o desfecho honroso de uma geração | Crítica SEM SPOILERS

A primeira sensação subir os créditos de Vingadores: Ultimato, é de satisfação. Um ano depois do encontro que dizimou metade do universo com o estalar de dedos de Thanos (Josh Brolin), chegamos ao fim da saga, com o espírito dos quadrinhos da Marvel em todo seu esplendor. Toda a orquestra regida pelos irmãos Anthony e Joe Russo funciona e mais uma vez os fãs vão se emocionar, vibrar, sorrir, mas, desta vez, também vão chorar. E muito. As três horas de projeção trazem surpresas, algumas bem impactantes, mas infelizmente sem o acabamento e a polidez que fez com que Vingadores: Guerra Infinita um dos filmes mais legais de uma geração. Temos um final honroso, mas que pode fazer muita gente torcer o nariz.

Antes de entrar nos assuntos mais espinhosos, vale ressaltar que mesmo com a campanha contra os spoilers, o inglório território da internet, desta vez foi longe demais. Cenas vazaram e podem ter comprometido a experiência de muita gente. Fora as cenas compartilhadas, foi fácil nas últimas semanas ser vítima de trolls que usam grupos ou mesmo espaço de comentários para sacanear quem está rolando alguma timeline da vida. Nas redes da Vigília, por exemplo, foi necessário fazer algumas limpezas nos espaços livres para opinião. Feita a observação, vale reforçar que nas primeiras semanas o spoiler é um desfavor que se presta aos demais. Principalmente neste filme.

Talvez o que destoe mais entre Ultimato e Guerra Infinita, seja a necessidade de se construir uma história com tantos personagens. Nesse quesito, a vantagem do filme de 2018 é notável, por orbitar ao redor de um só: Thanos. Agora, temos o contrário, o ponto de vista é todo por parte de quem busca a vingança e a necessidade de desfazer o “serviço” do Titã Louco. É muita gente, e desta vez os irmãos Russo derraparam em algumas escolhas. E nessa levada, temos um primeiro arco diferente de tudo que se podia prever. E claro, como todos já sabem (e vale destacar que não é spoiler), temos a comentada viagem no tempo (somos fãs desse recurso).

Vingadores: Ultimato, a esperança nem sempre vem do céu.

Com o advento da viagem no tempo, temos consequências que são as mais devastadoras, ainda mais em um universo tão conciso trabalhado pela Marvel Studios ao longo dos últimos 10 anos. O chefão de tudo, Kevin Feige, deve ter suado um pouco ao estabelecer estes rumos em sua caixa de brinquedos, antes tão organizada. A partir de agora, muitos precedentes se abrem, e os encaixes poderão sofrer em suas reposições. As peças podem muito bem ter mudado de formatos. Viagem no tempo é romper com barreiras das mais variadas possíveis.

O final do ciclo, o ultimato, se dá de várias maneiras. E o tom mais sóbrio e mais denso de Guerra Infinita dá lugar a um filme que se deixa ser mais solto, se permite brincar (nem sempre funciona com louvor) com o mundo saído das páginas das revistas e envereda para a fantasia em vários momentos. Há também escolhas duvidosas, principalmente com personagens que, ao que tudo indicava, estavam finalmente colocados em um rumo promissor. E por fim, com as tais viagens no tempo, temos momentos esquisitos, mas também marcantes para quem acompanha a cronologia de 22 filmes. Você poderá facilmente completar as frases dos personagens. E neste quesito, o roteiro acerta por buscar referenciar todo esse passado recente do Universo Marvel do Cinema. O ritmo é fluido e você nem percebe o tempo correr.

Prepare o lencinho para Vingadores: Ultimato.

Vingadores: Ultimato nos lembra bem aquelas grandes sagas dos quadrinhos, tendo momentos épicos de rara inspiração com uma reunião de personagens  ao mesmo tempo na tela, digna dos grandes embates de “O Senhor dos Anéis”. Mas ao mesmo tempo, deixa de dar detalhes, e se apega a aspectos não tão relevantes. No atropelo de ter que reunir tanta gente em um só filme, as pontas soltas são quase inevitáveis.

No final de tudo, vilões e mocinhos se confrontam para que sejam retomados os rumos do universo Marvel como vimos anteriormente. Tal qual toda grande saga cósmica pede. Mas é importante saber, se tudo tinha mudado com os heróis virando pó, agora, mais do que nunca temos escolhas que não poderão ser modificadas. Personagens tiveram seu fim. E com certeza tudo isso já marcou uma geração inteira de fãs, das antigas e novas safras de leitores, ou mesmo só admiradores de um dos produtos mais valiosos já criados por Stan Lee e Jack Kirby (aliás, temos a derradeira ponta de Lee em um dos filmes da Marvel/Disney).

Com a ruptura de concisão de 10 anos de cinema, os próximos anos e meses serão de novas especulações. O que será que teremos pela frente depois de tantos filmes? Não saberemos assim tão cedo. Mas você sairá satisfeito do cinema. Prepare o lencinho.

Veredito da Vigilia

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