That 90’s Show: vale o spin-off?
Chegou à Netflix no dia 19 de janeiro a primeira temporada de That 90’s Show, série que dá continuidade à história e aos acontecimentos da clássica sitcom That 70’s Show, que foi ao ar entre 1998 e 2006.
O trailer já nos trazia a premissa da série: a filha de Eric (Topher Grace) e Donna (Laura Prepon), Leia (Callie Haverda), vai passar as férias de verão na casa dos avós, Red (Kurtwood Smith) e Kitty (Debra Jo Rupp), em Wisconsin. Lá faz novos amigos e logo todos se juntam no porão dos Forman.
O showrunner da nova série é Greg Mettler, que produziu a versão clássica, entre outras sitcons como Cougar Town (com Courteney Cox) e O Chefe da Casa (curiosamente com outro “Friend”, Matt Le Blanc). Além de Mettler, e dos dois casais da família Forman, retornam para essa nova produção atores queridos do elenco original, como Ashton Kutcher (como Michael Kelso) e Mila Kunis (como Jackie), que esteve recentemente em Uma Garota de Muita Sorte em aparição especial. Também retornam Tommy Chong como Leo, Don Stark como Bob e Wilmer Valderrama como Fez, personagem regular na série. Danny Masterson, antigo intérprete de Steven Hyde, não retornou ao papel. Ele infelizmente “agregou” ao seu currículo nos últimos anos diversas acusações de assédio sexual. O personagem sequer chega a ser citado na nova história.
Vamos ao plot!
Leia é uma garota meio excluída e nerd, que logo se encontra em grupo de também desajustados (como eles mesmos comentam), fazendo amizade com a menina que mora na antiga casa dos Pinciotti, Gwen (Ashley Aufderheide), seu irmão Nate (Maxwell Acee Donovan) e a namorada dele Nikki (Sam Morelos). Ainda completam o círculo de amigos o sarcástico Ozzie (Reyn Doi) e Jay Kelso (Mace Coronel).
Sim, Jay Kelso é filho de Michael e Jackie. E claro que ele será o interesse romântico de Leia. Aliás, devo comentar a excelente escolha de elenco para Mace, que facilmente poderia se passar como filho legítimo do casal (!).
A nova turma emula, em diversos sentidos, o grupo antigo, sendo Gwen uma nova versão de Jackie, Ozzie um novo Fez, Nate o novo Michael, Leia a versão de Eric (o que faz sentido, como sua filha na história), Gwen o novo Hyde e acredito que Jay Kelso seria a nova Donna. Apesar dessa escolha, que acredito ter sido proposital para manter similaridade na dinâmica do grupo, cada personagem vem também com uma nova camada de personalidade, adicionando outras temáticas e situações ao quadro geral. Uma camada fina, confesso, mas ainda assim com boas adições à história.
Entretanto, os adolescentes quase acabam ganhando um segundo plano na história, já que Kurtwood e Debra dão um show de experiência e carisma, roubando a cena em, basicamente todos os momentos em que aparecem. Red e Kitty são, com certeza, a melhor parte da série, ganhando também as partes mais engraçadas e divertidas. O romance entre os dois, o mau humor dele, as risadinhas dela, tudo de volta em grande estilo.
Assim como na série original, temos aqui diversas referências à década em que se passa a história, sendo agora os anos 1990. Foram diversos filmes, séries e ícones da cultura pop citados. Uma dessas citações inclui uma fantasia de Leia para dentro do universo da série Barrados no Baile, contando, inclusive, com a participação especial de um dos atores da série, que era febre para os adolescentes da época.
Nova década, novos desafios
That 90’s Show conta com um desafio em encontrar o seu público ideal. Quem cresceu com That 70’s Show talvez não vá se identificar muito com a nova versão, mas os fãs que acompanharam a série depois de seu encerramento provavelmente aceitarão a nova ideia. Acaba sendo também uma chance para os jovens que não conhecem a versão clássica fazerem o caminho inverso, começando por esse lançamento e depois “voltando no tempo”.
Além disso, a série também conta com um formato pouco utilizado atualmente nas sitcons, com os aplausos e risadas de fundo. Apesar de fazer parte da dinâmica da série original e de, de certa forma, ser uma homenagem a outras produções das décadas de 1990 e 2000 que usavam dessa técnica, em alguns pontos torna o humor forçado e constrangedor.
Mesmo com essas potenciais problemáticas e com um episódio piloto extremamente mediano, That 90’s Show conseguiu pegar o saudosismo da série original, tão querida pelo público, ao mesmo tempo em que busca nos transportar para a década de 1990 e para uma nova história.
O bom de séries como essa, que não dependem de uma grande história pré-arquitetada e com um compromisso em entregar grandiosidade constante, é que podem se reinventar a cada temporada, buscando incorporar melhorias conforme os episódios vão acontecendo. E é o caso de That 90’s Show, que foi divertida, mas que também tem um bom potencial em nos entregar mais e mais conforme as temporadas chegam. Caso a série seja renovada, é claro.
LEIA TAMBÉM
Fernando Meirelles vai dirigir The Sympathizer, série da HBO Max com Robert Downey Jr.
Invencível volta em 2023, mas sem data definida
The Last of Us bate recordes de House of the Dragon e Euphoria