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Tempestade: Planeta em Fúria | Critica

Catástrofes naturais, visita do homem ao espaço, sequestro de presidentes, traição ao estado, julgamento no tribunal, NASA, ONU, ônibus espacial. Todos esses ingredientes preenchem o roteiro de Tempestade: Planeta em Fúria, um blockbuster honesto, que cumpre bem seu papel de sessão da tarde.

Gerard Butler (P.S. Te Amo) dá vida a Jack Lawson, um inventivo cientista que está à frente de Dutch Boy, o conjunto/rede de satélites que controlam o tempo (no sentido climático mesmo, sem viagens no tempo dessa vez). Porém, seus problemas de conduta o fazem perder o cargo para ninguém mais, ninguém menos que Max (Jim Sturgess) seu irmão mais novo. A partir disso, a relação da família, que já está abalada, se torna inexistente. Mas como estamos falando de um blockbuster de roteiro previsível, um problema surge na Dutch Boy e o único que pode solucionar é Jack, a pedido do próprio presidente dos Estados Unidos, encarnado por Andy Garcia.

No mundo inteiro, catástrofes climáticas começam a acontecer. Aí começam os problemas desse filme. Até certo ponto, os efeitos especiais estão bem resolvidos. Nada surpreende, mas pelo menos nada é caricato. O maior erro está na apuração técnica do filme. A tecnologia representada no filme está mal empregada. Por exemplo, já sabemos que ônibus espaciais não são uma boa escolha. Mas como os tripulantes vão para o espaço em 2022? Usando esse meio de locomoção. Sem contar na total falta de cuidado para representar a gravidade (e a falta dela). Até quando vemos os painéis solares na casa de Jack encontramos erros grotescos em sua colocação. Podem parecer detalhes, mas estamos falando de um filme de ficção científica que aborda justamente a tecnologia! Enfim, essa parte deixou muito a desejar. Outro problema de produção que tivemos foram os estereótipos relacionados às nacionalidades. Quando o Rio de Janeiro foi mostrado na sala de cinema, pudemos escutar risadas. Afinal, uma moça com um bronzeado totalmente cor de laranja e um biquíni tipicamente americano aparece na tela correndo contra as ondas. Uma pena.

Se o filme deixa a desejar na técnica, ao menos temos boas atuaçōes. Gerard Butler faz seu papel de forma correta e coerente, emocionando no plot (absurdamente forçado) com a filha e nas longas conversas com o irmão. É um herói que cumpre bem seu papel. Jim Sturgess também se destaca, sendo o alívio cômico em diversas situações e dividindo com Butler o protagonismo do filme.

Dirigido por Dean Devlin (que foi produtor dos dois Independence Day), Tempestade não chega a surpreender. O roteiro é previsível, do início ao fim. Os observadores já podem logo de cara notar um detalhe: um dos nossos vilões alocados na Dutch Boy aparece, o tempo todo sem bandeira do seu país no uniforme, diferente de todos os outros. Nos primeiros minutos de filme já podíamos adivinhar o final. Devlin, que também cumpre o papel de roteirista, tentou inovar, buscando a paz mundial e colocando 17 países juntos nesta expedição espacial. Contudo, o centro continua sendo os Estados Unidos. No início do filme, tivemos cenas tensas, que poderiam nos entregar um filme de suspense e jogo político dos bons. Mas rapidamente entramos em um filme de ação, com direito a tiros e perseguição de carros.

Apesar de tudo, Tempestade: Planeta em Fúria é um blockbuster bem construído. Vale a pipoca e as quase duas horas na cadeira do cinema, afinal, precisamos renovar os clássicos filmes de viagem espacial e catástrofes climáticas.

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