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Somebody I Used to Know: leve, fofo e longe dos clichês

Lançamento do Prime Video para a semana do Valentine’s Day (Dia dos Namorados, nos Estados Unidos), Somebody I Used to Know (sem relação com a música do Gotye, de 2011) é um romance divertido, fofo e emocionante. Inspirado, parcialmente, em fatos reais.

O casal Alison Brie e Dave Franco (juntos desde 2017), que escreveu e produziu o longa lado a lado, passou por algumas experiências no início do seu relacionamento, que deram a ideia para o filme. Além disso, Dave é quem dirige e Alison é a protagonista do filme.

Na história temos Ally, uma workaholic produtora e showrunner de reality shows em Los Angeles que, após ter a sua série cancelada, volta para a sua cidade natal para passar o final de semana com sua mãe. Chegando lá, encontra o seu ex-namorado de dez anos atrás, Sean (Jay Ellis, da série Insecure e de Top Gun: Maverick). Após um dia mágico juntos, Ally descobre que ele está de casamento marcado para os próximos dias. Confusa pelos sinais que estava recebendo de seu ex, ela decide participar da festa de casamento e buscar a oportunidade de retomar uma paixão antiga.

Eu sei, olhando de longe assim parece que temos algo parecido com “O Casamento do Meu Melhor Amigo” (1997), em que Julia Roberts descobre que o seu grande amigo de longa data, Dermot Mulroney, vai se casar com (uma jovem) Cameron Diaz e decide arruinar o grande dia do casal. Inclusive, dentro da história temos um comentário sobre isso por parte da noiva, Cassidy (Kiersey Clemons, de O Mistério da Ilha), que confronta Ally sobre suas intenções questionando se ela não vai “dar uma de Julia Roberts”. Por mais que existam alguns paralelos, temos propostas bem diferentes para os dois filmes.

Fugindo de diversos clichês de comédias românticas, Somebody I Used to Know conta com uma pegada mais indie, que traz consigo uma camada mais realista da perspectiva e das vivências dos personagens, sem se apegar a fórmulas prontas em seu desenvolvimento.

Nessa pegada mais “realista”, acompanhamos temáticas como abandono, solidão, autoconhecimento e liberdade, que fazem parte da história de fundo dos protagonistas ou são os catalisadores para as suas mudanças. E nisso vemos corpos reais, com sentimentos reais, situações que poderíamos ver acontecer com nós mesmos, com uma amiga, com um irmão. Um filme imensamente relacionável, de diversas formas, pois mesmo que não tenhamos vivido situações similares, conseguimos sentir empatia e conexão com o que vemos na tela.

As personagens Cassidy, a noiva, e Ally, a protagonista, desenvolvem uma amizade diferente
As personagens Cassidy, a noiva, e Ally, a protagonista, desenvolvem uma amizade diferente

Nessa fuga de estereótipos hollywoodianos, o longa também é efetivo em não trazer a clássica rivalidade feminina encontrada em situações de triângulos amorosos. Ally encontra em Cassidy uma versão mais jovem de si mesma, o que permite que tanto ela acabe, surpeendentemente aconselhando a noiva, quanto tendo a oportunidade de rever o seu passado e crescer a partir dele. A história vai além do conceito de amor romântico entre duas (ou mais, nesse caso) pessoas apaixonadas, pois acaba nos trazendo outras reflexões sobre autoamor e escolhas de vida. 

Somebody I Used to Know é uma lição de que a vida não precisa ser sobre absolutismos, sobre oito ou oitenta. Muitas vezes, o cinema nos mostra que a vida é sobre escolher entre amor e carreira, entre tudo e nada, e que são essas escolhas que definem para sempre a felicidade de um personagem, que abrindo mão de uma dessas coisas, jamais será verdadeiramente completo. Dessa vez, a história nos leva por outro caminho, o de que precisamos viver a nossa verdade e sermos quem realmente queremos ser, de que dessa forma, coisas boas acontecem nas mais diversas áreas da nossa vida. 

Alison Brie e Danny Pudi, antigos colegas de Community, se reencontram em Somebody I Used to Know
Alison Brie e Danny Pudi, antigos colegas de Community, se reencontram em Somebody I Used to Know

Além dos personagens principais, também temos no longa a participação de Danny Pudi, que reencontra Allison Brie, antiga colega de elenco da sitcom Community, interpretando o melhor amigo do noivo. Também fazem parte do elenco Olga Merediz (que esteve em Blockbuster) como a mãe adotiva de Sean e Haley Joel Osment (de Sexto Sentido e Método Kominsky) como Jeremy, irmão adotivo do noivo.

Somebody I Used to Know pode ser adaptado para o português como “alguém que eu costumava conhecer”. E nesse sentido acaba sendo muito mais sobre relembrar uma antiga versão de si mesma do que relembrar um amor do passado. Assim, é um filme que nos mostra que não devemos abrir mão daquilo que sonhamos, que a escolha de nossos parceiros deve fazer sentido em aspectos de vida pessoal e profissional, de que se algo acabou, talvez tenha acabado porque realmente deveria cacabar.

Por tudo isso, vai levar o selo “Vigília Recomenda”.

Veredito da Vigilia

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