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Se Pedro Scooby fosse uma mulher, ele seria perdoado?

Sempre polêmico na mídia, Pedro Scooby é um surfista de ondas gigantes. Porém, ficou conhecido mesmo pelo seu casamento com Luana Piovani e por ter ficado com Anitta. Pedro é pai de três filhos com Luana e, pelo que ela mostra na internet, não é o que podemos chamar de pai presente.

O Twitter achou graça quando ele devolveu as três crianças com piolho para mãe. Taxa Luana de maluca quando ela reclama que ele leva as crianças sempre atrasadas para a escola. E todo mundo se divertiu com os stories dela questionando se Pedro realmente iria ao Big Brother Brasil.

Contudo, a pergunta dela era sincera: ele vai levar as crianças junto? Enquanto ríamos e fazíamos piada disso, devíamos também ter parado para pensar. Segundo Pedro, a atual esposa, Cíntia Dicker, vai dividir a guarda com Luana nesses meses que ele estiver confinado. A decisão foi dele com Cíntia, sem questionar a mãe das crianças. Inclusive, a decisão de entrar no BBB foi totalmente dele, sem ao menos conversar com Luana.

Conseguem imaginar um mundo com os papéis invertidos? Invés de Pedro Scooby, é Luana que aparecesse na confirmação dos participantes do Big Brother e joga-se apenas um “se virem”? Quando Pyong Lee perdeu o nascimento do filho, isso também virou piada. Mas vamos lá: um homem que decide entrar em um reality show, mesmo já sendo rico e famoso, na iminência do nascimento do filho, sabendo que a mulher teria que se virar com um recém-nascido, sem contar que ele perderia os primeiros momentos do filho. Precisava disso?

Mas meu papel aqui não é questionar os combinados dos casais. É provocar a reflexão. E se fosse a mulher? Em A Filha Perdida, filme da Netflix, Leda (Olivia Colmann) explica que ficou três anos sem ver a filha. Quando questionada por Nina (Dakota Johnson), ela dá uma resposta surpreendente.

– Não viu suas filhas por três anos?

– Não.

– Como se sentiu sem elas?

– Foi maravilhoso.

Diálogo entre Leda (Olivia Colmann) e Nina (Dakota Johnsonn) em A Filha Perdida.

Três anos não são três meses. Mas, a comparação é válida. Se um homem some para tocar a sua carreira por três anos, três meses, duas semanas, que seja, a sociedade não vai questionar. “Está pensando na família”, eles dizem. Entretanto, se uma mulher faz a mesma coisa, ela é julgada. Pedro Scooby é um cara bonitão, tem o charme carioca, faz nós rirmos e acaba conquistando com o carisma. Mas deixou três filhos para a mãe dar conta e ainda colocou outra mulher para suprir sua demanda. Se foi combinado, tudo certo.

Porém, se fosse uma mulher, seria ótimo que a reação de todos fosse a mesma: com memes apenas e não com crucificação. Afinal, é assim que o machismo opera. Homens são lidos de duas formas: o eterno menino que não amadureceu ou o senhor adulto e sábio. No primeiro caso, sabemos que é apenas uma fuga para todas as responsabilidades, enquanto as mulheres precisam amadurecer cada vez mais rápido. E o segundo, sabemos que também é uma grande bobagem. O Choque de Cultura já nos disse que é preciso terminar com o mito do idoso sábio.

Mulheres e homens precisam ter o mesmo peso na criação de um filho. Ocupar os mesmos espaços, principalmente, perante a sociedade. E devemos sempre lembrar: o que funciona para aquela família é APENAS de interesse dela. Vamos julgar menos e encarar nossos próprios problemas.

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