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Run: uma comédia romântica imprevisível | Crítica

Run, nova minissérie da HBO, é realmente surpreendente e imprevisível. Vendida como uma “comédia romântica” onde dois antigos namorados largam tudo para “finalmente viverem juntos a vida que deixaram para trás na época da faculdade”, a produção, na verdade, oscila entre uma comédia, uma aventura, e traz alguns toques bem dramáticos. Ao final da primeira temporada, com sete episódios de 20 e poucos minutos, a verdade é que não dá pra rotular Run assim tão facilmente. Estrelada por Domhnall Gleeson (Star Wars: A Ascensão Skywalker) e Merritt Wever (Inacreditável), a produção tem como produtora executiva a disputada Phoebe Waller-Bridge do sucesso Fleabag (Amazon Prime Video) e roteirista de 007 – Sem Tempo para Morrer, que também atua como personagem coadjuvante. Tente acompanhar o raciocínio.

Logo de cara vemos que Run não será nenhum pouco típica. A ‘comédia romântica de fuga’ já começa com o casal Ruby (Merritt Wever) e Billy (Domhnall Gleeson) levando adiante uma antiga promessa de tempos passados. Caso algum deles envie um SMS (os mais jovens sabem o que é isso?) com a palavra “Corra” (Run, em inglês) eles devem largar tudo para pegar um trem em determinada cidade e determinado horário. Dentro do trem, eles devem se encontrar e, basicamente, iniciar uma nova aventura. E ela pode ser para sempre, ou então ter um fim. Mas isso nunca fica tão claro assim. Até porque esse é só o estopim para uma sequência sempre imprevisível de acontecimentos.

Run: altos e baixos em um relacionamento maluco

E toda essa imprevisibilidade acaba sendo o grande atrativo de Run. Aos poucos vamos conhecendo mais dos carismáticos (e ótimos) protagonistas: Ruby uma mulher casada com dois filhos e uma boa profissão. O clássico padrão do sonho americano (será?). Já Billy é um palestrante famoso, solteiro, bem sucedido, mas que parece ter chegado ao limite de aguentar as suas próprias mensagens positivas. Em tempos atuais: um coach de sucesso. Talvez alguma expectativa já gerada pelo plot da trama acabe atrapalhando nos primeiros episódios, mas os ganchos certeiros e os diálogos bem pontuados com o humor ácido que já vimos em Fleabag, somadas às certeiras interpretações de Merritt e Gleeson são atrativos suficientes para continuar apostando no desenvolvimento de tudo. No relacionamento deles, nada é fácil de entender.

A recompensa vem aos poucos, com mais personagens entrando (literalmente) nesse trem. A primeira é Fiona (Archie Panjabi), assistente e confidente de Billy, que possui uma insistência feroz em “resgatar” o chefe. E talvez sua insistência seja também parte dos trilhos de seu próprio azar. Temos ainda o marido de Ruby, Laurence (Rich Sommer) que entrega a dualidade necessária para mais mistérios, e enfim, o ingresso da própria Phoebe Waller-Bridge como a personagem Laurel. E fica bem difícil não identificar a nossa Fleabag nela. Principalmente depois que ela encontra a policial Babe Cloud (Tamara Podemski).

Run: O Expresso da loucura não para na estação dos limites

Com episódios curtos, a dinâmica de Run é quase enlouquecedora. Em um episódio (como estamos em um trem quase 50% do tempo), podemos ver os personagens em diferentes locais e rumos. Em vários momentos é fácil se perguntar “onde tudo isso vai parar?”. E acredite, pelo trailer e pela sinopse, você não chega a um terço do que Run entrega em tão pouco tempo e, em tão poucos episódios.

No final das contas, esse jeito meio maluco e quase non-sense é também um charme para Run, que parece cravar ainda mais o estilo marcante de Phoebe pelas séries de TV, seja qual for o canal. Para quem gostou de Fleabag, é um prato cheio, mas com a variante de sair das raízes do humor inglês e se misturar um pouco ao estilo norte-americano.

Conseguiu acompanhar o raciocínio todo? Bom, não importa. Run é boa o suficiente para levar o carimbo “a Vigília Recomenda”. E já esperamos a nova temporada.

Veredito da Vigilia

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