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Rainha Charlotte: é o melhor de Bridgerton?

Chegou à Netflix o spin-off da série que ganhou nossos corações com histórias de amor intensas da alta sociedade britânica fictícia do século XIX. E já posso adiantar. Rainha Charlotte: Uma História Bridgerton é emocionante!

Lançada em 2020, Bridgerton é uma adaptação da saga de livros de Julia Quinn, cujas obras contam as histórias de amor dos oito irmãos de uma famosa família aristocrata londrina. Agora com duas temporadas já lançadas e com a terceira e a quarta no forno (ainda sem previsão de estreia), o canal de streaming nos proporcionou também essa nova história derivada.

A história da Rainha Charlotte, ao contrário das outras obras, não segue nenhuma história dos livros. É uma criação totalmente inédita da Netflix e Shondaland (empresa de Shonda Rhimes). No entanto, há sim uma base para o plot da série: fatos históricos sobre a Rainha Charlotte (1744-1818), Rei George III (1761-1818) e sua família. E a nova produção não fica para trás diante do que já conhecemos, se destacando por suas temáticas e pela fidelidade ao “universo já construído”. 

A série traz duas linhas do tempo: a “atual”, que segue os acontecimentos de Bridgerton com a Rainha Charlotte adulta (interpretada por Golda Roscheuvel) e do passado, em que em sua versão jovem (interpretada por India Armateifio) se encontra às vésperas do casamento arranjado com o rei da Inglaterra.

Além da história em si (da personagem que carrega o nome da série), podemos acompanhar um pouco mais sobre o passado de outras duas personagens queridas: Lady Agatha Danbury (Adjoa Andoh) e Violet Bridgerton (Ruth Gemmell). 

Nessa nova série, temos tudo o que mais amamos em Bridgerton: casos apaixonantes, galãs maravilhosos, personagens interessantes e muita treta. Entretanto, agora entramos também em temas mais profundos e intensos. 

Arsema Thomas como a versão jovem de Lady Agatha Danbury em "Rainha Charlotte", interpretada em Bridgerton por Adjoa Andoh
Arsema Thomas como a versão jovem de Lady Agatha Danbury em “Rainha Charlotte”, interpretada em Bridgerton por Adjoa Andoh

Finalmente, o racismo na aristocracia entrou em pauta. Algo muito comentado pelo público, mas que ainda não havia sido abordado na tela. E o protagonismo negro da série é um grande acerto. A história nos leva ao que os personagens trouxeram como o “grande experimento”, quando junto à posse de Charlotte como rainha, diversas famílias negras de alta classe social ganharam títulos de nobreza. Assim, acompanhamos os efeitos dessa inserção na alta sociedade, que relutou perante essas mudanças. Racistas, sim. E é por meio da personagem de Agatha que vemos (mais) o preconceito dentro deste mundo ficcional, mas que muito reflete (ou se baseia) na nossa sociedade.

Os desafios para as mulheres

Para além disso, tanto Agatha (tendo Arsema Thomas em sua versão jovem), quanto Charlotte, trazem também os fardos impostos sobre as mulheres. Uma prometida ao casamento desde os três anos de idade, a outra incubida, antes de mais nada, em gerar o sucessor ao trono. Entre tantos outros exemplos, as personagens trazem questões sobre o papel da mulher na sociedade, desde séculos atrás até os impactos de tudo isso nos dias de hoje.

Nessa volta ao passado, temos Charlotte, nobre nascida na Alemanha e com descendentes africanos, sendo inserida na alta sociedade. Não há comprovações sobre a Rainha ter sido, de fato, negra, mas há muito indícios de que essa, sim, poderia ter sido a verdade. Assim, como em muitos outros casos, a história negra teria sofrido branqueamento.

Corey Mylchreest e India Armateifio como Rei George e Rainha Charlotte, em nova série da Netflix
Corey Mylchreest e India Armateifio como Rei George e Rainha Charlotte, em nova série da Netflix

De volta a série, o romance entre Charlotte e George, após o casamento, entre os clássicos “te odeio, mas te amo”, trazem uma nova dimensão ao plot central. Diferentemente das outras peças, aqui temos a mais alta monarquia como protagonista, ou seja, responsabilidades e problemas mais sérios. A doença de George é um ponto de destaque aqui, o que leva a uma construção de narrativa sobre casamento, amor e comprometimento.

Estima-se que o Rei George realmente tenha sido apaixonado por Charlotte e que jamais tenha tido uma amante (algo raro para a época). Essa paixão é mais do que bem representada por Corey Mylchreest, o “colírio” da temporada, o pretendente (quase) perfeito. 

Vale aqui uma nota também para o fofo romance de Brimsley (Sam Clemmett) e Reynolds (Freddie Dennis), que deixou um ponto de interrogação que esperamos que seja resolvido nas próximas temporadas de Bridgerton.

Com tudo isso, Rainha Charlotte: Uma História Bridgerton é, até o momento, a melhor temporada, mesmo sendo uma derivada. E, se tratando de Shonda Rhimes, podem vir mais spin-offs desse universo colorido e apaixonante de Bridgerton!

Veredito da Vigilia

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