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Punho de Ferro – Review da 1ª temporada

Atenção, o texto abaixo pode ter alguns SPOILERS!

O mistério foi revelado e, após 13 episódios, já podemos sentenciar: Punho de Ferro é mais uma bela série da parceria Marvel e Netflix. Passado o burburinho das críticas negativas, vamos ao que interessa, que é a série propriamente dita. Mas claro, sempre há a comparação, e como já tivemos os antecessores Jessica Jones, Demolidor e Luke Cage, a expectativa é inevitável. Punho de Ferro não se iguala à envolvente e bem construída primeira temporada de Jessica Jones, ou a tensão e violência de Demolidor, mas vence com sobras a titubeante série do Luke Cage. Mas o principal, ela traz o mesmo universo de uma maneira totalmente diferente das outras.

Danny Rand

Os dramas apresentados nas introduções das séries de seus antecessores não aparecem em Punho de Ferro. Ela é um pouco mais leve, e até mais colorida. A adaptação do personagem Danny Rand, por mais que tenha causado furor nas redes sociais pelo apelo de alguns modismos como “apropriação cultural” foi bem feita e condizente ao universo que o precede. Finn Jones cria um Danny Rand jovem, ainda lidando com o fato de ser mais um Punho de Ferro. A sua inocência é totalmente cabível para um jovem criado em uma cidade que aparece apenas de 15 em 15 anos e fica a margem de um mundo, e principalmente uma Nova Iorque totalmente manchada pelo capitalismo selvagem, pela violência, drogas e claro, a temida seita do Tentáculo. Colocar um monge em um contexto onde temos que matar um leão por dia não pode ser uma tarefa simples. Danny não conhece o seu novo contexto e precisa se adaptar a ele sem ter certeza de em quem confiar. E isso foi bem pontuado.

Danny Rand entre Ward e Joy Meachum

Além de não conhecer seu novo contexto, ele também não domina totalmente seu dom. O menino tocado pelo dragão demonstra isso em vários momentos. Apesar de por vezes parecer dono da verdade, ele ainda está aprendendo a lidar com tudo, inclusive seu Chi. E a perda dele lembra o que víamos nos quadrinhos e nos filmes do Homem-Aranha. Sua inocência acaba sempre falando mais alto. Mas o fato de ficar claro que ele pode desenvolver seu poder ainda mais nos deixa animados para possíveis sequências, principalmente após ele ver um vídeo de um dos Punhos de Ferro que o antecedeu.

A família Meachum e Collen Wing

A família Meachum também foi bem construída. Tom Pelphrey aporta um bom duas caras como Ward Meachum, enquanto Joy (Jessica Stroup) também mostra saber jogar em várias posições. Harold (David Wenham) traz a relação com o Tentáculo e o lado sobrenatural que precisamos para o lado maligno da trama. A relação entre todos também fica bem coerente com tudo, exceto por aprendermos que perder a posse de uma multinacional (assim como tomá-la de volta) é tão fácil quanto destituir um presidente no Brasil. Isso também vale para a facilidade de se esconder corpos em um rio.

Collen Wing interpretada pela ótima Jessica Henwick

Collen Wing está muito bem amparada na simpática Jessica Henwick. Ela cumpre o papel de par romântico e de lutadora, embora guarde alguns segredos. Ela ganha tanto destaque na trama que possui boas lutas solo no decorrer da temporada. Ela é também o elo para a personagem que faz funcionar o universo expandido: a enfermeira Claire Temple (Rosario Dawson). Você não sabia, mas Claire pode lutar muito bem. Talvez seja sua evolução na relação com tantos super-heróis na sua vida (atente para as referências). A advogada Jeri Hogarth (Carrie-Anne Moss) também participa de forma ativa na trama, trazendo mais uma cara conhecida para a série.

Produção e “plot-twists”

Um dos pontos fracos de Punho de Ferro é a produção. Por vezes parece que estamos dentro de uma produção de baixo custo, tamanha a falta de capricho em alguns cenários e soluções para efeitos especiais. Isso fica notável no episódio em que Danny é empurrado de um prédio e também nos vários flashbacks que mostram o personagem em K’un-Lun, um lugar onde a neve é bem parecida com o isopor.

Tem bastante porrada em Punho de Ferro

As reviravoltas na trama também são frequentes. São boas dentro do universo familiar dos Rand e dos Meachums, mas um pouco irritantes quando tratamos de outra personagem do universo expandido da Marvel. Madame Gao por vezes é um inconveniente acima do desejado. A escola para jovens superdotados… ops, quer dizer, a escola do Tentáculo, que recruta jovens para a seita também fica um pouco desconecta, assim como a chegada de um novo vilão. Ramon Rodriguez não convence como um possível mestre do grupo maligno em seu papel de Bakuto, um cara que pode ensinar o Punho de Ferro a melhorar seu Chi, mas não luta nada. Tudo isso formula uma série de plot-twists, de forma que não sabemos mais qual a principal causa de toda a história. Junte aqui Davos (Sacha Dawan), parceiro de Danny em K’un-Lun.

Desfecho

Depois de tantas reviravoltas, parece que nada de grande pode acontecer no último episódio. Mas, engano nosso. Vilões que viraram mocinhos voltaram a ser vilões, viraram mocinhos de novo e agora assumem de vez que são vilões. A família Meachum continua sendo central para isso e percebemos que Danny pode sim manifestar seu poder de formas ainda mais surpreendentes, inclusive desviando balas. Passado o pior, ele retorna ao local que deve proteger, mas quem disse que os portões de K’un-Lun estiveram seguros com sua ausência? Ah pois, é, aqui fica o clássico gancho para a próxima temporada.

Punho de Ferro veio e convenceu. Mas superou apenas Luke Cage. Demolidor e Jessica Jones seguem seus postos de primeiros colocados no ranking das séries Marvel/Netflix. Agora é esperar o épico encontro de todos eles em Os Defensores, previsto para o final do ano, mas ainda sem data confirmada.

Veredito da Vigilia

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