CríticaFestival de CinemaFilmes

Pseudo: um thriller policial com identidade boliviana

O primeiro filme estrangeiro exibido no 49º Festival de Cinema de Gramado foi Pseudo. O thriller policial e político é uma história movimentada e interessante, surpreendendo o espectador menos avisado. A trama conta a história de um taxista de La Paz. Trambiqueiro e cheio de truques, ele faz de tudo para ganhar dinheiro. Não economizando na dinâmica, o suspense logo mostra a que veio, quando o protagonista Julián (Cristian Mercado) rouba a identidade de um de seus passageiros sem jamais imaginar que ele era um mercenário contratado para cometer um atentado. Promissor, não é mesmo?

E assim a trama segue por todo o filme. Com direção de Gory Patiño (da Bolívia) e Luis Reneo (Espanha), Pseudo aborda um mundo de milícias urbanas de La Paz e apesar de ser um thriller policial, quase não mostra a ação das autoridades. O contexto todo fica nas ruas e no submundo, mostrando um pouco de autenticidade e identidade da capital boliviana. Pseudo é requintado e tem seus aspectos técnicos levados quase à perfeição. Essa qualidade certamente será reconhecida durante a premiação do Festival, que ocorre dia 21 de agosto, a partir das 21h30. Fotografia, coreografias, cenários, figurinos e narrativa, estão todas em harmonia para trabalhar em favor da história, que se não é das mais originais, é de fácil conexão, e poderia ser adaptada para qualquer grande capital, de qualquer país do mundo. Os problemas enfrentados e o derramamento de sangue é um tema universal.

Julián, vivido por Cristian Mercado, carrega a história nas costas, e nos apresenta um protagonista com diferentes níveis de compreensão. Você pode até concordar com alguns de seus atos, mas vai se questionar em vários outros. O fato dele estar sempre ralando no trabalho e sendo explorado é um facilitador, assim como sua camisa de El Diablo Etcheverry (um dos mais famosos jogadores de futebol da seleção boliviana, na verdade, considerado o maior de seu país) postada no banco de seu carro. 

Mas pouco a pouco a saga de Julián vai abrindo novas e perigosas cortinas. A espiral de confusões que ele vai se metendo só vão piorando, fazendo com que seu desfecho seja realmente uma incógnita ao espectador. Pseudo tem um pé no cinema norte-americano. Seus diretores se conheceram estudando cinema em Los Angeles, e mostram no longa que realmente são estudiosos de seus ofícios.

Veredito da Vigilia

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *