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Pretty Guardian Sailor Moon Eternal – O Filme: não se vive apenas do brilho da lua

Assim como a lua possui várias fases, se renovando e voltando cada vez mais brilhante, o anime Sailor Moon, exibido originalmente em 1992, vem ganhando uma nova roupagem nos últimos anos. Após três temporadas de Sailor Moon Crystal – remake que adapta fielmente o mangá criado por Naoko Takeuchi – somos apresentados a Pretty Guardian Sailor Moon Eternal – O Filme, continuação direta da série que se encerrou em 2016 e que estreou em 2021 nos cinemas japoneses, dividido em duas partes. São esses dois longas-metragens que estrearam na Netflix no dia 3 de junho, retratando o arco Dead Moon Circus, do mangá. 

A história de Pretty Guardian Sailor Moon Eternal – O Filme inicia exatamente nos últimos instantes apresentados no episódio final da terceira temporada de Crystal. Por isso, é recomendado que você tenha assistido a série primeiro (mesmo assim, vários pontos são explicados novamente durante o filme para o público menos avisado). Caso tenha visto a série clássica, ela segue a mesma trama da fase Super S, porém, como Crystal, aqui temos os acontecimentos idênticos aos do mangá, sem fillers. 

Só assista a esse filme se você souber quem é a Super Sailor Moon

Depois de toda essa explicação, vamos falar sobre o que esses dois filmes realmente tratam. Após um eclipse solar, o grupo Dead Moon Circus surge para dominar a Terra e se apoderar do Cristal de Prata. Simultaneamente, Mamoru Chiba, o nosso Tuxedo Mask parece estar sofrendo de uma grave doença, que possui relação com sua vida anterior e a misteriosa presença de um pégaso/unicórnio chamado Helios. Esse mesmo ser mitológico aparece para Chibiusa, que parece ter uma forte ligação com ele.

A cada novo arco o Mamoru está mais imprestável, fazendo apenas o papel de namorado da Usagi e babá da Chibiusa

Eternal consegue ser tão caprichado quanto a terceira (e melhor) temporada de Crystal, apresentando lindamente todas as transformações e golpes das sailors. Todos os momentos grandiosos são emocionantes e muito bem coreografados. Em questão de narrativa, os filmes melhoram o que já havia se tornado burocrático no seriado, que conforme foi avançando, foi deixando cada vez mais de lado as companheiras iniciais da Usagi/Sailor Moon, para que a problemática Sailor Chibi Moon ganhasse mais tempo de tela. Aqui, Mercury, Mars, Jupiter e Venus tem as suas narrativas exploradas ao máximo, exibindo suas camadas e até voltando a derrotar vilões sozinhas, coisa que não ocorria mais desde a segunda temporada de Crystal. Até mesmo a mitologia envolvendo a outra vida do Mamoru ganha destaque, fugindo da tecla Queen Serenity (mas calma, ela ainda está lá).

Finalmente temos mais destaque para as outras Sailors

Outro ponto forte é a entrada das sailors auxiliares, que já roubaram a cena na terceira temporada de Crystal e no segundo filme de Eternal. Elas ressurgem com força. Uranus, Neptune, Pluto e Saturn são um espetáculo à parte, surgindo mais uma vez para trazer à tona questões sobre gênero, girl power e independência feminina. 

Essa foto resume a representatividade feminina do filme

Agora, se a obra Sailor Moon acerta nessas personagens desde que elas surgiram, em contrapartida, continua errando com a já citada e problemática Chibiusa. Desde o seu aparecimento, os momentos de flerte entre ela e o seu futuro pai, Mamoru (já que ela vem do futuro) e, por consequência, provocando ciúmes na sua futura mãe, Usagi, continuam a aparecer nos filmes (deu até pra lembrar de Dark). Para piorar, as cenas românticas com um personagem de aparência mais velha (mesmo ela estando com mais de 900 anos, ainda é representada como uma criança), incomodam muito quem está assistindo (pelo menos a esse que vos escreve). Se a colocassem beijando alguém do tamanho dela, talvez o impacto visual fosse amenizado.

Chibiusa: a menina beijoqueira

Sailor Moon já é nostálgico por si só, uma vez que foi um dos animes que figuraram na grade de programação da extinta TV Manchete e mais tarde, na Record e Cartoon Network. Pensando no público, grande parte do elenco de dublagem de Eternal é fiel ao que vimos na televisão brasileira. Temos dubladores icônicos daquela época até mesmo em alguns vilões. Porém, a irmã de Wendel Bezerra (Son Goku, Bob Esponja) e Ulisses Bezerra (Shun de Andrômeda), nossa Úrsula Bezerra, que dublou brilhantemente Naruto, não conseguiu recriar a voz que ela emprestou para Chibiusa na primeira vez que o anime passou no Brasil. 

Alguns vilões são dublados pela galera das antigas

Pretty Guardian Sailor Moon Eternal – O Filme continua conversando muito bem com o seu público. Todas as personagens possuem dilemas que qualquer garota encontra durante a adolescência, fazendo com que seja fácil você se identificar com qualquer uma delas. Além disso, foi importante perceber que nem só de protagonistas se vive um anime. Ainda mais um que consegue a cada nova fase introduzir mais meninas vestidas de marinheiras coloridas, que, colocando apenas uma tiara na cabeça, aparentemente, conseguem se disfarçar de super-heroínas. 

Veredito da Vigilia

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