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Por que amamos o Homem-Aranha?

Super-heróis (ou apenas heróis ou ainda anti-heróis) são personagens criados ou personagens reais que representam tudo aquilo que sentimos e/ou somos. Essa idolatria por personagens que representam o que gostaríamos de ser existe desde sempre na história da humanidade. E nesse hall, é claro, temos o Homem-Aranha.

Milênios atrás, os ídolos eram Hércules pela força, Salomão pela sabedoria, Afrodite pela beleza. Mais recentemente nossos pais/avós queriam ser como John Wayne, Errol Flynn. Enfim, cada época com os seus heróis e suas virtudes.

Hoje, em um mundo tão carente de honra e caráter, temos os super-heróis com dons e possibilidades incríveis e impensáveis, mas que infelizmente deixam pouco dessas virtudes, pois os super-heróis por muito tempo foram ídolos por suas características físicas e habilidades impressionantes.

No início dos anos 1960, com o surgimento da Marvel nos EUA, esses super-heróis (que claro continuam com seus dons e habilidades acima do humano) foram criados para espelhar os problemas e falhas que todos nós humanos temos. Do Quarteto Fantástico, o Tocha Humana era um adolescente imaturo, o Coisa complexado pela sua aparência, Hulk um cientista esnobe e com problema de auto-estima devido ao relacionamento abusivo pelos pais, o Homem de Ferro, outro cientista sem humildade e empresário sem escrúpulos.

Até que em agosto de 1962, na revista Amazing Fantasy número 15, Stan Lee e Steve Ditko criaram o que para muitos foi o “repulsivo Homem-Aranha”. Um adolescente que, ao ser picado por uma aranha radioativa, adquire poderes que lhe dão dons parecidos aos dos aracnídeos. São eles: agilidade e velocidade, aderência a superfícies, um sentido que lhe permite prever perigos, e força proporcional a aranhas.

Por ser fora do padrão dos heróis (super força, vôo, etc), pelo visual e design inovador do uniforme e a aranha que é um animal repulsivo, perigoso e não muito querido (mas muito ágil e rápido) cativou muito os jovens desde o início. Mas o que cativou mesmo a todos não foi o super-herói, que salta de prédio em prédio ou ergue carros e joga teias entre os prédios de Nova Iorque. Foi Peter Parker, o adolescente que cursa o “Ensino Médio Americano”, órfão que mora com os tios, nerd tímido que sofre bullying e é apaixonado pela colega da escola.

Homem-Aranha é sobre Peter Parker.

A relação dos Parkers: Um dos nossos motivos!

Um garoto que aprende que a vida é incrível.

Que a vida lhe dá opções impressionantes, mas também tira coisas que amamos.

Que apenas a luta e esforço lhe darão a “sorte” para sobreviver aos mais esdrúxulos vilões e também ajudar a tia a pagar o aluguel.

Acompanhar os problemas mundanos do jovem, problemas que nós mesmos temos, como ter que estudar para provas ou ainda trabalhar como fotógrafo para poder comprar um presente de aniversário para a tia, durante muito tempo foi o que nos prendeu a essa saga do “azarado” freelancer do Clarim Diário.

Seguimos o crescimento dele, desde a formatura, passagem pela universidade, vimos seu crescimento e responsabilidades aumentando, suas paixões e decepções por Betty, Gwen e a vizinha Mary Jane.

É aqui que pousamos, quando em janeiro de 1987 (no Brasil a história foi publicada em outubro de 1991) Peter Parker se casa com Mary Jane.

Apesar de saber que está colocando a vida dela em perigo devido a diversos vilões e males da sociedade, a vontade e entendimento que as coisas boas sobrepõem sempre as ruins, o risco da perda e dor pela qual já passou é menor que o sentimento e amor pela ruiva.

Peter Parker e Mary Jane, a primeira HQ que comprei!

Agora ele é um adulto, tem compromissos de adultos e nós estamos crescendo e entendendo juntos que a vida é injusta, e o merecimento pelas ações e pelas virtudes muitas vezes não vem. Mary Jane é uma modelo famosa e chove de empresários e ricaços fazendo convites e dando presentes. As fotos de Peter não pagam a lua-de-mel na França que ela merece.

Felizmente Peter Parker é o nerd e bom garoto que perde todos os ovos que a Tia May pediu pra ele comprar para fazer um bolo quando o vilão Shocker tenta roubar um banco e é impedido pelo amigão da vizinhança. E é isso que Mary Jane sabe e a faz cada vez mais ter certeza que está entre os braços mais perseverantes e corajosos que existem.

E embora hoje a história de Peter tenha sido alterada por editores e escritores sedentos por lucro e vendas, onde desfizeram toda essa parte da história do herói a qual ajudou a moldar o meu caráter (e o de muitos fãs), hoje temos um novo Aranha (Miles Morales) criado no mesmo conceito adolescente-família dos Parkers e com preocupações e problemas atualizados para os novos tempos, deixando o legado para as novas gerações.

Miles Morales – Do Universo Ultimate para o Universo Regular da Marvel!

Aproveitando a vibe dos novos filmes, ficaremos presos nas teias dos Homens-Aranha por muito tempo.

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Éderson Nunes

@elnunes

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