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Pílulas Azuis – Crítica

A narrativa gráfica Pílulas Azuis é, acima de tudo, um guia autobiográfico de educação e combate ao preconceito. Escrita pelo suíço Frederick Peeters, a HQ foi premiada com o Polish Jury Prize no festival de quadrinhos de Angoulême, o mais importante do gênero na Europa. Ela é uma pequena viagem ao mundo daqueles que convivem com um dos vírus mais temidos e “famosos” do mundo: o HIV. E, de forma delicada, a narrativa oscila entre uma leitura divertida e angustiante, mas, acima de tudo, feita com muito amor. No Brasil, a HQ já ganhou três reimpressões pela editora Nemo. Para nossa sorte, o preço dessa bela obra não costuma ultrapassar os R$ 40,00.

Tentando não dar muitos spoilers, a obra, como já disse antes, autobiográfica, mostra a história de Fred com Cati, uma daquelas mulheres que se encontra apenas uma vez na vida. Desde o primeiro encontro do casal, fica implícito que dali sairia algo para a vida toda. O que Fred não sabia, é que ali também iniciaria um relacionamento, acima de tudo, com muitos obstáculos e ensinamentos. E também uma relação que custaria cuidados, até então, pelo resto de sua vida.

Após encontros e desencontros, Fred e Cati passam a se relacionar. Mas apenas anos depois do dia que se conheceram. Nesse período, Cati teve um filho, e por aqueles descuidos da vida, contraiu o vírus da AIDS. Uma revelação que poderia colocar fim a qualquer relacionamento. Mas não com Fred. Que assumidamente precisou gerenciar por muito tempo essa relação, e até mesmo a forma que iria expor à família, principalmente aos pais.

A partir daí somos jogados a diferentes emoções. E a história de amor, que para muitos terminaria, sem muita reflexão, passa a crescer. E além das dificuldades e cuidados impostos, a história real serve para desmistificar e combater muitos preconceitos acerca do amor, do sexo, da saúde, e fundamentalmente de uma relação, que embora arriscada, não deve ser vista com qualquer olhar excludente. A leveza como o assunto é tratado, suas evoluções e deslizes, poderiam estar em qualquer classe ou sala de aula para orientação de adolescentes e adultos.

No final, Frederick ainda nos surpreende, e coloca mais personagens para contar sua bela história de vida. E, como diz Sidney Gusman, assinando a contracapa do livro, a pílula azul que em Matrix significava a fuga para um mundo de ilusão, na HQ é a garantia de que a realidade continua. E assim como nossas vidas, cheia de nuances, incertezas, alegria, dor e angústia.

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Ficha técnica:

Peeters, Frederick

Pílulas Azuis

Título Original: Pilules bleues

Editora Nemo

Tradução: Fernando Scheibe

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