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Perro Bomba: racismo e xenofobia no Chile | Crítica

Marcando a exibição na categoria Longas Estrangeiros do dia 22 de agosto, “Perro Bomba”, dirigido por Juan Cáceres, trouxe um ponto de vista sobre o racismo e a xenofobia no Chile para a 47ª edição do Festival de Cinema de Gramado.

Steevens (Steevens Benjamin) é um imigrante haitiano que que vive em Santiago em condições que não são as mais luxuosas, porém ele tem um núcleo de amigos, uma casa e um trabalho. De uma maneira geral, os imigrantes haitianos parecem viver de forma humilde e tentando montar uma sociedade dentro desse novo país. A estabilidade da vida de Steevens é alterada quando ele reage a um insulto racista de seu chefe chileno.

É muito interessante como a progressão do filme já deixa bem claro tanto a xenofobia quanto o racismo. No momento em que Steevens agride seu chefe, respondendo a situação, ele é demonizado, usado como mártir para coagir e invalidar toda a comunidade haitiana daquela região. As câmeras de segurança que pegam a briga são usadas em reportagens e, de uma hora para outra, Steevens, que era esse personagem silencioso e calmo, é pintado como um vilão.

Não há como falar da xenofobia do filme sem aliar diretamente ao racismo. Enquanto outros imigrantes sofrem também com os nativos sendo xenofóbicos, a população haitiana é mais ainda marcada com o racismo. Podemos perceber toda a desumanização que acontece no protagonista dessa maneira, porque Steevens começa a ser tratado como “algo” menos humano, perdendo seu direito de existir como pessoa. E isso reflete diretamente o nome do filme, “Perro Bomba”. “Perro Bomba” é uma expressão utilizada no Chile para se referir a pessoas que trabalham para o crime mas que são consideradas “peso morto”, pois “não tem valor algum”.

“Perro Bomba” trouxe às exibições de Gramado um novo recorte do racismo

O grande problema de “Perro Bomba” é o ritmo. Enquanto a ideia do enredo é incrível e tem a chance de mostrar um recorte específico pouco trabalhado ainda, ele peca ao não conseguir manter um ritmo de informação fluida. Ele é lento e, em algumas partes, muito cansativo. As cenas são estáticas e silenciosas, tirando qualquer tipo de dinâmica que elas poderiam ter. Enquanto a ideia do filme é muito boa, a entrega fica muito comprometida.

Veredito da Vigilia


Agradecimento pela parceria: Instituto Estadual de Cinema – IECINE

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