Paternidade: Kevin Hart mostra as delícias e dificuldades de criar um filho
Quando um bebê nasce, nasce também uma família. Na maioria das vezes, nasce ali um pai e uma mãe cheios de dúvidas, incertezas, inseguranças e com muitos medos. A jornada pode se tornar ainda mais difícil se você precisa percorrer ela sozinha. Em Paternidade, novo filme da Netflix com Kevin Hart (Jumanji) no papel principal, vemos um pai solo tentando dar conta de tudo.
Dirigido Paul Weitz (Um Grande Garoto), Paternidade foi construído baseado em uma história real, mas é um visão muito masculina do mundo da criação solo. Matt, o personagem de Kevin Hart constrói uma ligação muito bonita e forte com a filha, isso é inegável. E inclusive mostra alguns machismos do dia a dia, mas pode abrir um debate muito mais amplo.
Matt é visto como guerreiro, um homem que abdica de tudo para criar sua filha. Que faz sacrifícios. Que deixa sua vida amorosa de lado para organizar a vida da filha. Porém, Matt leva a filha para o trabalho e todos ajudam a cuidar. Matt é ensinado, pacientemente, como se cria uma criança. E se Matt fosse uma mulher?
A vida de uma mãe solo é muito menos glamourizada, menos glorificada e muito mais julgada. Diversas vezes, perguntam a Matt “cadê a mãe do bebê?” porque já é comum da sociedade machista e patriarcal imaginar que é a mãe que cuida de um filho. É a mãe que o leva na pracinha ou no primeiro dia de aula. Matt vence todos os preconceitos e luta para ficar ao lado da filha. Mas será que teríamos um filme sobre a vida de uma mãe solo?
No Brasil, até 2011, 5,5 milhões de crianças haviam sido registradas no Brasil só no nome da mãe. Em 2019, mais de 80 mil crianças não tiveram o nome do pai em sua certidão de nascimento. E será que essas mães tiveram rede de apoio como Matt teve? Será que essas mães foram acolhidas pelas avós das crianças? E pelas outras mães? O mundo precisa incluir os pais na criação das crianças, mas dando a eles o mesmo peso que dão às mães.
Paternidade é um filme bem feito, bonito e emocionante. Kevin Hart é ótimo no papel, e realmente cria uma conexão com a filha, com a esposa e com o público. O filme acaba sendo uma crônica deliciosa, com uma linda relação entre Maddy (Melody Hurd) e Matt, mas acende esse importante debate.