CríticaFilmes

O Gênio e o Louco | Crítica

Dois grandes atores dividem a tela em O Gênio e o Louco, drama do século XIX, baseado na história real da criação do Dicionário de Inglês de Oxford. A história, que acompanha o Dr. James Murray (Mel Gibson), um filólogo; e William Chester Minor (Sean Penn), um cirurgião, que serviu ao exército dos Estados Unidos, também deu origem a um livro, “O Professor e o Louco”.

O título dado pelo filme, dirigido por Farhad Safinia (criador da série Boss), faz muito mais sentido, porque, ao longo da trama essas características, aparentemente tão específicas para cada um dos protagonistas (Murray, o gênio e Minor, o louco), se confundem entre eles. A genialidade do homem que tomou à frente na criação de um dicionários se mistura com a sua sede incansável de finalizar o projeto, ao mesmo tempo em que os problemas psicológicos de um médico pouco importam perto de seus feitos pela causa.

O longa acompanha o Dr. James, um escocês autodidata no meio da alta sociedade britânica que, por conta de seu amplo conhecimento linguístico e histórico, ganha a oportunidade de ser o responsável pela compilação de todas as palavras conhecidas na língua inglesa em um único lugar. As palavras eram organizadas para explicar a sua evolução, com citações de livros e jornais, o que tornava o processo ainda mais complexo. Para isso, o grupo de Murray recorreu ao povo, enviando cartas para que os cidadãos ingleses pudessem interagir, escrevendo palavras e os significados que conheciam por meio de livros.

O filme narra a história dos dois homens paralelamente e é nesse ponto da história que o William de Sean Penn ganha o seu devido destaque e que os dois protagonistas começam a interagir.

William Chester Minor havia sido encaminhado para uma clínica psiquiátrica após matar um homem por engano. Crente de que estava sendo perseguido por um homem há tempos, Minor decidiu resolver o problema com as próprias mãos e foi atrás de quem o atormentava pelas ruas de Londres e disparou alguns tiros. Na verdade, ele havia acertado um inocente pai de família a caminho do trabalho.

Minor vira uma peça chave para o progresso de Murray, a quem, até então, só conhecia por correspondência. Passa os seus dias inteiros revirando livros, fazendo anotações e as enviando para o filólogo, que vira seu amigo pessoal.

Gibson como o Dr. Murray e Penn como William Chester Minor

Você pode imaginar o filme como um processo burocrático em torno do dicionário e das picuinhas da aristocracia inglesa. Mas não é assim. A obra tem muito a nos mostrar sobre amizade, dor e redenção do que baboseiras formais. Temos um brilhante Sean Penn como William, mostrando os altos e baixos da esquizofrenia e de distúrbios psicológicos em geral.

Uma outra surpresa agradável foi a personagem de Natalie Dormer (a Margaery Tyrrell, de Game of Thrones), Eliza, viúva do homem assassinado por Minor, que passa a receber dinheiro de quem destruiu a sua família. Suas visitas à instituição psiquiátrica e a evolução da sua relação com William mostram a ingenuidade e a bondade da personagem, que passa a ser um elemento importante na saúde do médico internado.

Natalie Dormer como Eliza

O núcleo de Mel Gibson se torna secundário em diversos momentos e sua importância passa a sondar a sua relação com o inusitado amigo e nas formas de como um era a solução para o problema do outro.

O Gênio e o Louco é um filme emocionalmente tenso e um pouco devagar – o que é bem comum do gênero – mas não deixa de ser uma feliz adaptação de uma inspiradora história real.

Veredito da Vigilia


Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *