CríticaFilmes

O Chamado da Floresta é uma sessão da tarde sem grandes surpresas | Crítica

O Chamado da Floresta (The Call of the Wild) o famoso livro de Jack London, publicado pela primeira vez em 1903, agora invade as telonas, estreando em todo o Brasil no dia 20 de fevereiro. No cast, o astro Harrison Ford, que vem selecionando a dedo (isso não indica qualidade) os seus trabalhos, Dan Stevens (Legion e A Bela e a Fera), Omar Sy (Os Intocáveis), Cara Gee (The Expanse) e o cachorro protagonista Buck, que é na verdade, todo (ou quase todo) recriado em CGI. O efeito especial, apesar de não gerar problemas para os estúdios perante a Sociedade Defensora dos Animais, pode te deixar com uma pulga atrás da orelha (perdão com o trocadilho cânino) tão logo ele aparecer na tela. Mas o combo todo é positivo, entregando uma boa sessão da tarde para a família.

Em O Chamado da Floresta vemos também uma importante mudança mercadológica já nos créditos de abertura. A clássica vinheta da Fox, agora aparece repaginada. Apesar da trilha sonora marcante se manter, vemos apenas escrito 20th Century Studios, denunciando a já rumorosa venda do estúdio para a Disney. E no início da história, talvez as partes menos interessantes do filme. Buck é apresentado como um cachorro único, mas que está sempre arranjando confusões (e você pode ler essa última parte com a entonação do narrador da Sessão da Tarde). Sua introdução rasteira é típica de um filme de comédia que usa cachorros como protagonistas, mas a recriação do animal toda feita em efeitos especiais é gritante ao nível do live-action do Scooby-Doo. E infelizmente, isso não é um elogio, me deixando a previsão de que O Chamado da Floresta tende a envelhecer mal (e até bem rápido) perante às novas tecnologias do cinema.

Buck tem expressões típicas de um animal criado em CGI

Passada a introdução, saímos da calorosa Califórnia para o gelado Alasca, onde Buck é levado (depois de ser furtado e vendido) para puxar trenós no gelo e trabalhar com o entregador de cartas Perrault (Omar Sy). Aqui sim, entramos em uma das fases mais interessantes do longa. Isso porque Omar Sy, um dos protagonistas de Intocáveis (2011) e Uma Família de Dois (2016), é o carisma em pessoa, e sua relação com Buck e Françoise (Cara Gee) é realmente cativante. Eu poderia assistir um filme inteiro só com esse trio. É se adaptando ao terreno frio e saindo de todo o mimo que tinha com sua antiga família, que Buck se supera, se adaptando a uma dura realidade, mas sempre ouvindo o tal “chamado”. Ele aprende rápido e logo conquista a confiança do novo dono e da matilha, que vai comandar após um clássico confronto, que também já chegou a ser homenageado em um episódio do Snoopy (confira abaixo).

Mas não foi só no Snoopy que a novela de Jack London ganhou forma. Pelo contrário, muito antes disso a obra já foi adaptada em muitos filmes e telefilmes, e até uma série de TV. Um dos filmes foi feito em 1997, com Rutger Hauer, e outro em 1972 com Charlton Heston, esse encontrado no Brasil como O Chamado Selvagem. A obra de London também já rendeu outras dezenas de adaptações.

Queremos um filme só com essa dupla

Feito o parênteses, entramos no último arco de O Chamado da Floresta com um pouco de atraso. É quando Harrison Ford, que faz a narração da história desde os primeiros frames, entra de vez no filme como o solitário John Thornton. Amargurado pela vida, ele cruza com Buck algumas vezes, o suficiente para defendê-lo após a nova venda do cão (e toda sua matilha) em função da demissão de Perrault. Aqui entra também (e novamente de forma atrasada) a participação do vilão Hal, interpretado de forma bem caricata por Dan Stevens.

Dan Stevens nem sempre acerta

Após mais alguns “chamados” e aventuras de Buck, temos o desfecho bem aquém do esperado, e até mesmo do que foi trabalhado durante todo o filme. Sempre com soluções rápidas, a direção de Chris Sanders (Como Treinar Seu Dragão) não nos deixa ficar preocupados com os problemas inseridos por muito tempo, perdendo bastante da força dramática do filme. E isso acaba deixando com aquele sentimento de que poderíamos ter algo mais elaborado pela frente, ficando apenas na média, sem surpreender.

Mas vale a pipoca.

Veredito da Vigilia

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *