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Mimada, egoísta e inconsequente: Girlboss não tem nada de girl power

Girlboss, a série inspirada no livro best-seller #Girlboss, de Sophia Amoruso, fundadora da marca Nasty Gal, e produzida pela Netflix, chegou ao catálogo do serviço de streaming no mês de abril. Recebi a missão de assistir e resenhar a série e preciso confessar que falhei miseravelmente. Uma série que prometia ser Girl Power e inspiradora não passou de uma série com maus exemplos e recheada de futilidades.

O enredo é simples e baseado em fatos reais. Vemos a trajetória de Sophia (Britt Robertson) começando sua carreira profissional vendendo roupas vintage no eBay e tornando-se, aos 28 anos, dona de um negócio multimilionário da moda. Contudo, existem muitos poréns nessa simplicidade toda.

Logo no início da série, já percebemos que a índole da protagonista não é boa. Afinal, Sophia tem o costume de roubar de lojas, seja comida, tapetes, refrigerantes, e leva tudo isso como brincadeira. Ela não parece ter noção da realidade e faz tudo por pirraça. Ela é mimada, inconsequente e egoísta. Ok, Hannah, de Girls, é tudo isso também. A diferença é que Sophia é pintada como uma mulher inspiradora e isso é preocupante. Hannah é declaramente insegura e infantil e ninguém a leva a sério. Porém, a Girlboss já pinta nas redes sociais como um ícone da geração e isso pode ser bem preocupante.

Talvez ela pode ser considerada a representação dessa geração “Nutella”. As pessoas que nasceram na década de 90, assim como eu, se acham muito mais evoluídas do que as gerações que vieram antes. Passam os seus dias postando textões cheio de opiniões que tem o objetivo de mudar o mundo, com uma independência paga pelos pais, assim como Sophia, que não atende os telefonemas do pai, mas vive querendo o dinheiro dele. Essa é a geração que mais fala e julga, apesar de achar que ninguém pode julgar ninguém. Tão contraditório quanto essa série.

Sophia acredita que a idade adulta é o lugar onde os sonhos morrem. Na realidade, Sophia, é nesta fase da nossa vida que começamos a realizar nossos sonhos com as nossas próprias pernas, mas ela é egoísta demais para perceber isso. Ela é tão infantil que foi demitida e por um motivo totalmente justificável e ainda saiu falando que pediu demissão, para não dar o braço a torcer.

E a Nasty Gal? Nasceu de uma vontade de Sophia de descobrir seu “dom”, já que não parava em emprego nenhum. Um dia, a garota mimada está, mesmo sem emprego, procurando novas roupas para comprar. Depois de entrar em várias lojas e destratar muitas pessoas, acha uma jaqueta e compra, decidindo revender por um valor mais alto. O negócio rende tanto que ela começa a fazer isso com diversas roupas. Ela constrói um império fazendo tantos os fornecedores quanto os clientes de trouxa.

O ponto alto dessa série é a sua produção. O figurino, trilha sonora, fotografia e, na maior parte das vezes, as atuações, são impecáveis. Kay Cannon (A Escolha Perfeita 1 e 2, 30 Rock) é a showrunner de Girlboss e respondeu pela criação e produção executiva. Charlize Theron (Monster – Desejo Assassino, Jovens Adultos), Laverne McKinnon (da produtora Denver & Delilah), Christian Ditter (Como Ser Solteira) e Sophia Amoruso também assinam a produção executiva. Ditter é o diretor dos 13 episódios de meia hora. No elenco, estão também Ellie Reed (Annie), Alphonso McAuley (Dax), Johnny Simmons (Shane) e Dean Norris (Jay).

Mas se você espera uma série alegre e com uma personagem positiva, aposte em Unbreakable Kimmy. Girlboss não tem nada de engraçado, nem de empoderador. É uma série que, se analisada, se torna triste.

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