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Metroid Dread já é uma das obras-primas do Nintendo Switch

Samus Aran está de volta, depois de quase duas décadas, e melhor do que nunca

Eu dei um grito tão alto que assustou até minha esposa. Apertei os controles com força enquanto tentava me encontrar em um labirinto sem saída, perseguido por uma criatura indestrutível e imparável, quando entrei em uma porta e ela estava bem na minha frente. O susto foi tanto que não controlei minhas cordas vocais. A tela de Game Over apareceu pela, sabe se lá, enésima vez em poucas horas de jogo. Os batimentos cardíacos acelerados. E lá fui eu de novo tentar salvar Samus Aran, em mais uma tentativa.

Metroid Dread lançou na semana semana passada, o quinto jogo em 2D da saga Metroid, quase duas décadas depois do lançamento de Metroid Fusion para GBA. E, como o nome já diz, apostou forte no clima de terror e solidão sci-fi que a série, inspirada claramente no filme Alien, sempre trouxe desde 1986. Mas foi além: elevou a carga desses elementos, aumentou a velocidade na jogabilidade e refinou os visuais como nunca antes visto na franquia. Dread já é um favorito a jogo do ano e mais uma obra-prima na biblioteca do Nintendo Switch.

O fim de uma saga

metroid dread história
Metroid Dread é o fim de uma saga!

Mesmo para quem não acompanhou toda a série, como é o meu caso, Metroid Dread faz um bom trabalho despejando todas as informações necessárias para o jogador se situar logo no começo. Em resumo, Samus é enviada a um planeta distante para eliminar o último parasita X restante. Chegando lá, é surpreendida em um ataque e perde todos os seus upgrades da armadura (como sempre). Agora, precisa voltar à superfície e fugir do planeta antes que seja tarde demais.

O plot é competente, oferece o suficiente para que o jogador se mantenha engajado na história até o duelo épico final. Algumas revelações vêm à tona neste último capítulo da série principal, amarrando pontas soltas e dando um final satisfatório à heroína.

Lindo de morrer

metro droid visuais
Os visuais do jogo são incríveis!

Graficamente, o estúdio Mercury Steam fez bonito e esse é um dos jogos mais competentes tecnicamente no Switch. Cenários opressivos, boa variedade de design de inimigos, animações incrivelmente fluidas; é possível ver o capricho em cada um dos detalhes. O design de som também é surpreendente. Jogar de fone de ouvido é uma experiência assustadora e o cuidado com cada efeito sonoro é fundamental para a imersão.

Evolução no gameplay

metroid dread evolução
Evolução é outro grande destaque!

Mas, Metroid Dread eleva a outro nível na jogabilidade. Desde os primeiros momentos do game, dá pra notar o polimento e cuidado em tornar a experiência o mais agradável e preciso possível ao jogador. Precisão que é fundamental para as manobras e lutas que serão enfrentadas ao longo de todo o mapa, já que, como boa plataforma que se preze, os erros que você comete são todos culpa sua e não do jogo. Além dos upgrades que você pega ao longo do caminho, Samus ainda conta com um movimento de deslizar que agiliza o combate e exploração, e um golpe físico que contra-ataca investidas dos inimigos, já herança do remake de Samus Returns, no 3DS, também produzido pela Mercury Steam.

Se perder, faz parte

O mapa também não é pouca coisa: são 8 áreas gigantescas exploráveis e uma nona para enfrentar o chefão final. Todas elas tem suas próprias características, então, é fácil se localizar. Mas são tantas salas e variações que por vezes fica difícil saber para onde ir em seguida. Por isso, revisitar esses locais até se familiarizar com eles será fundamental na primeira vez com o jogo. Parte do charme de Metroid é essa sensação de isolamento e não-linearidade que ele proporciona. No entanto, se o foco for seguir a missão principal sem distrações, o jogo deixa o caminho bem intuitivo para o jogador, basta seguir o fluxo. Mas a graça é explorar e encontrar segredos que vão ampliar seu arsenal e vida.

Tenha medo

O medo vai permear sua experiência em Metroid Dread

Como citei no começo, as áreas com os EMMIs são um dos melhores aspectos do jogo. Robôs indestrutíveis que ficam restritos a áreas específicas, cada um com uma característica diferente, rastreiam e perseguem Samus em diversos locais do planeta. Caso o jogador seja capturado, tem apenas uma janela mínima de tempo para evitar o game over. Às vezes, é possível se livrar das garras da criatura, mas 90% desses encontros é a morte da protagonista que te espera. Felizmente, o jogo não pune em demasia o erro. Checkpoints são ativados antes de cada sala. Assim, é possível fazer muitas tentativas e aprender os caminhos para passar em segurança. Eventualmente, essas disputas acabam com Samus encontrando uma arma específica capaz de liquidar os robôs. Mas, até nesses momentos, a tensão é grande e um erro pode custar mais um game over.

Chefões desafiadores

Os chefões também são pontos altos no game

As lutas com chefões são o ponto alto de Dread. Batalhas variadas com inúmeras fases, animações épicas e curva de aprendizado muito recompensadora. Destaque para o boss final, que, inicialmente, parece impossível de ser derrotado, mas, com um pouco de paciência e algumas dezenas de mortes, começa a ficar mais aceitável. Derrotar ele na última fase e desbloquear a sequência final é estimulante demais!

Completando

Por fim, a duração do jogo influencia no seu índice final, por isso, o contador interno não calcula todas as telas de game over que você passa. Por esse motivo, o jogo parece ter uma duração menor do que realmente tem. Enquanto na minha primeira experiência finalizei o jogo em 12 horas, segundo o save file, foram mais do que 20 horas de experiência total, deixando alguns coletáveis de fora e fechando em 93% (tem alguns que são verdadeiros infernos de completar). Na segunda vez, jogando no modo difícil, foram 6 horas no contador interno e pouco mais de 10 horas na experiência total, focando apenas na campanha.

Metroid Dread faz jus ao nome da franquia, fecha com chave de ouro a história, honra o estilo de gameplay de seus antecessores. Faz isso com um visual incrível, animações fluidas e uma qualidade técnica com o selo Nintendo de aprovação. De longe, uma das melhores experiências desse ano e de toda a biblioteca do Switch.

Veredito da Vigilia

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