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MaXXXine: muito mais que o filme da neta da Maria Gladys

Em época de SEO, click bait e títulos para chamar a atenção, é quase inevitável utilizar esse título para falar de MaXXXine, filme que encerra a “trilogia” de terror slasher de Ti West, com o carimbo da queridinha dos cinéfilos, a A24. No Brasil, o longa estreia dia 11 de julho, e é uma grande notícia para o contexto de quem gosta de cinema. Isso porque “X – a marca da Morte” (2022) e Pearl (2022), quase não foram vistos nas salas brasileiras. Então, ponto para a Universal Pictures do Brasil que se ligou a tempo de dar essa oportunidade para nós, os interessados. Afinal, a trilogia ganhou força e o gosto do público muito mais pela divulgação corpo a corpo do que pelas ações de marketing, propriamente ditas. E claro, já colocou Mia Goth, a neta da atriz brasileira Maria Gladys, como uma estrela em ascensão em Hollywood, tal qual a sua personagem, MaXXXine Minx.

E a trilogia estrelada por Mia Goth é competente em sua proposta. Ao mesmo tempo, parece superestimada pela repercussão. Entenda: todos os filmes são ótimos produtos do entretenimento e realmente devem marcar essa época que vivemos, mas, não se deixe levar por muito mais do que isso, Ti West está longe de reinventar o gênero ou chegar perto de fazer alguma revolução. O que importa é que sim, MaXXXIne consegue manter o ritmo divertido de seus anteriores e dar um “glorioso” desfecho a esta enigmática personagem que vemos ao longo dos últimos dois anos. E desta vez, o longa veio anabolizado por um elenco ainda mais conhecido, com rostos como Kevin Bacon, Michelle Monaghan e David Cannavale, além das participações especiais de Giancarlo Esposito, Elizabeth Debicki e Lilly Collins.

A ambientação nos anos 80, como sempre, é um grande trunfo. A Hollywood naquela época era suja, cheia de sujeitos que seriam facilmente cancelados hoje em dia. Mais do que isso, era repleta de pessoas que seriam canceladas por pessoas que já foram canceladas antes deles (confuso, mas é pra dar a noção de peso mesmo). E Ti West, que já vem inflado com os créditos iniciais, capricha na condução e encenação, mesclando pitadas de True Crime (da época) com a hipocrisia da sociedade que condenava qualquer coisa minimamente diferente. Ponto positivo para o discurso clássico de Dee Snider na corte norte-americana, peitando as senhorinhas carolas de frente. Nota: Dee Snider é o líder da lendária banda Twisted Sister, e astro do Hard Rock/ Heavy mundial. 

Kevin Bacon em MaXXXine
Kevin Bacon entregando um ótimo salafrário dos anos 80

Depois de uma rápida contextualização e uma apresentação incrível da personagem MaXXXine (plot-twist de ação impactante logo de cara), já temos a noção de como será o andamento e a história da personagem principal. É tudo girando ao seu redor, e tudo conspirando em favor do crescimento da protagonista. Assim como em X- A Marca da Morte, temos uma forte presença de um humor semi-pastelão (ou só trash mesmo), que combina muito com a estética apresentada nos filmes de VHS que costumávamos (pelo menos eu costumava) a ver na década do final de 80 e início dos anos 90. Saudosismo e nostalgia estão aí para conquistar o público, não é mesmo?

Diretor Ti West entregou uma ótima trilogia slasher
Diretor de MaXXXine, X- A Marca da Morte e Pearl, Ti West entregou uma ótima trilogia slasher!

MaXXXine, portanto, reúne todos os quesitos de uma época de ouro das vídeo locadoras e dos filmes de terror. O selo da A24 atualmente ajuda a constituir um ar mais “cult” para a obra, embora estejamos longe de ver algo do tipo. É uma clássica sessão de terror que cumpre com todos seus requisitos para fazer a experiência de ir para a sala escura ser plenamente satisfatória. Precisamos de mais filmes como MaXXXine. 

Veredito da Vigilia

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