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Guardiões da Galáxia Vol. 3, ou “A Saga de Rocket Raccoon”

Guardiões da Galáxia Volume 3 encerra de forma divertida a trilogia do grupo de desajustados do espaço no Universo Cinemático da Marvel (MCU). O filme retoma a questão das escolhas feitas pelos laços de pertencimento de amigos que se tornam família (e que já estavam presentes nos filmes anteriores) de forma mais bem amarrada. James Gunn (o diretor da trilogia que agora é o “Kevin Feige” da DC Studios) se despede da franquia adicionando pitadas de Sci-Fi e que tem até um tom de fábula – uma narrativa em que personagens animais agem como seres humanos cujo objetivo é apresentar, um preceito moral para crianças – à aventura e à comédia dos filmes anteriores.

Já no início da história percebemos que a narrativa contada é a da perspectiva da história da vida de Rocket “Rocky” Raccoon (dublado por Bradley Cooper), ao mesmo tempo em que acompanhamos a tristeza de Peter Quill/Senhor das Estrelas (Chris Pratt) ao lidar com os sentimentos de perda, sobretudo de Gamora (Zoe Saldana) – que após “retornar da morte” não lembra de nada do romance de ambos. A ação começa quando o alienígena Adam Warlock (Will Poulter) vem atrás de Rocket. Ao tentar sequestrá-lo, o deixa ferido entre a vida e a morte.

Zoe Saldana está de volta como Gamora
Zoe Saldana está de volta como Gamora em Guardiões da Galáxia Vol. 3

Aos poucos, os espectadores vão acompanhando os acontecimentos traumáticos da vida do guaxinim mais querido da cultura pop, enquanto o restante da equipe vai atrás de uma cura para ele e se depara com o Alto Evolucionário, vilão interpretado pelo ator nigeriano Chukwudi Iwuji – que já participou da franquia John Wick e de Dr. Who, e mais recentemente esteve na série do Pacificador. O embate entre o deus “Alto Evolucionário” que cria e destrói espécies ao seu bel-prazer, nos fornece alguns dos momentos mais inspirados e criativos em termos de lutas e desafios em equipe, de certa forma apagando um tanto a presença esperada pelos fãs de Adam Warlock, que apesar da tentativa, fica bastante perdido em meio aos vários acontecimentos encadeados.

Momentos marcantes em Guardiões da Galáxia Vol. 3
Da esq. para direita: Sean Gunn/Kraglin, Groot/Vin Diesel, Chris Pratt/Quill, Karen Gillan/Nebulosa, Rocket/Bradley Cooper, Dave Bautista/Drax, e Pom Klementieff/Mantis.

Por outro lado, o ponto alto do filme é o uso da emoção através da questão das ‘criaturas silvestres’ e outras formas de vida, que se tornam amigos e, com eles, vamos compreendendo a evolução de cada um dos Guardiões, gerando empatia e identificação com o público. O crescimento do arco Quill/Gamora, o crescimento (literal) de Groot (voz de Vin Diesel), a interação Drax (Dave Bautista) e Mantis (Pom Klementieff), que mesmo sendo alívio cômico em vários momentos, consegue ir além ao demonstrar uma relação de amizade, e a personalidade multifacetada de Nebulosa (a britânica Karen Gillian) mostra não só o acerto do roteiro quanto da direção habilidosa de Gunn. Até mesmo personagens com menos tempo de tela como Kraglin (Sean Gunn) e a cadela Cosmo (voz de Maria Bakalova) conseguem se destacar com motivações e intervenções interessantes.

Guardiões da Galáxia Vol. 3 crítica
Rocket é um dos pontos centrais de toda a história

Apesar disso, o maior destaque é mesmo Rocket. O volume 3 é a sua saga, que começa com a melancólica canção Creep do Radiohead dando o tom emotivo do filme, e a forma como o personagem vai agregando os amigos e apresentando sua genialidade inventiva – e o motivo da obsessão do Alto Evolucionário. A trilha do filme avança no tempo e traz uma nostalgia dos anos 1990/2000 com direito a Faith No More, Beastie Boys e até Florence and The Machine, entre outros, sendo sempre um item de acerto e obviamente, pautada pela ideia das playlists que acompanham o Senhor das Estrelas desde sempre, reprisando e avançando no tempo dos outros filmes.

Guardiões da Galáxia Vol. 3 fecha a trilogia de James Gunn
Hora de dar adeus (será?) aos nossos queridos Guardiões da Galáxia!

Guardiões da Galáxia Volume 3 é como uma balada de despedida dos personagens queridos – que entraram no MCU há quase dez anos (!) – e também um novo ciclo para os Guardiões e o próprio James Gunn, que assume os projetos da DC. A aventura ‘a la space opera‘ e o humor psicodélico que mistura metáforas e analogias, entre outras esquisitices, vai deixar saudades, mas é encerrada de forma bastante satisfatória para os fãs, amarrando os filmes anteriores e as aventuras com os Vingadores em vários easter eggs.

Com tudo para ser apenas mais do mesmo e sem grandes expectativas, Guardiões da Galáxia Vol. 3 traz emoção e diversão na medida certa ao não se levar a sério e focar no papel dos laços de amizade e da construção de uma família que inclui uma árvore, um cachorro cosmonauta falante, uma alienígena verde e um guaxinim, entre outros.

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