Los Fuertes: paixão em cenário de guerra | Crítica

Los Fuertes é o representante chileno da 48ª edição do Festival de Cinema de Gramado. Tendo como cenário as lindas paisagens da baía na cidade de Corral, no sul Chile, conhecida pelo comércio e ambiente pesqueiro e também pelos dois fortes (daí o título do filme) que serviram de cena para a guerra contra a Espanha durante o seu processo de independência, o romance escrito e dirigido por Omar Zúñiga nos leva a um ambiente chuvoso e de clima quase noir e na maioria das vezes nublado. O visual encoberto não tira a beleza das locações e também nos leva a conhecer mais da cultura e do povo no sul do Chile.

Lucas (Samuel González) vem da capital Santiago onde tem uma carreira sólida na área de arquitetura. Após horas de viagem para visitar sua irmã, encontra Antonio (Antonio Altamiro) um jovem promissor contra-mestre de um barco pesqueiro, e a interação dos dois é instantânea. Mesmo vivendo em uma cidade de interior onde as relações são mais tradicionais, nota-se que Antonio já tinha um relacionamento (oculto) com outro colega, e isso é motivo para algumas repercussões no decorrer da trama. 

A relação de Lucas e Antonio tem seu ápice durante as festividades da cidade, onde mesmo onde olhares e conversas demonstram sua paixão, é necessário manter as aparências do restante da população. Esse contexto todo é desconfortante para o espectador, pois dá a sensação de que algo ruim vai acontecer para repercutir a situação deles. E no momento certo, temos a sensação de alegria e união, em uma cena de reunião com as famílias dos protagonistas.

Com algumas cenas mais ousadas (quase explícitas) da relação dos dois, o filme traz um paralelo interessante de uma relação amorosa e uma guerra (vivida e encenada por Antonio em comemoração à independência do Chile), e tem um olhar egoísta por parte dos personagens, o que leva ao clímax do fim do filme.