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Logan: é ótimo, mas calma aí – O veredito CHEIO de Spoilers

Alerta de ~SPOILERS~

Como falamos anteriormente em nossa crítica sem spoilers, Logan é o filme que traz o Wolverine que sempre quisemos ver. Com mais crueza e mais violência, a nova cruzada de James Mangold deixa para trás os seus fracassos antecessores, mas, vamos lá, ainda estamos no mesmo universo. Isso mesmo, portanto, acalme sua empolgação.

Vamos deixar claro, Logan não é nem perto do que foi Cavaleiro das Trevas, e tão pouco Mangold está próximo de ser um Christopher Nolan. Mas Logan tem várias virtudes. A única diferença é que ele não é uma peça de adaptação, e parece muito mais uma obra original envolvendo o mutante mais famoso do mundo. Ele tem sua carga dramática, boas sacadas, referências legais (outras só jogadas), mas não traz a tensão vista na obra Hors Concours de Nolan.

Wolverine é agora um velho, castigado pelo tempo e repleto de cicatrizes que seu fator de cura não consegue resolver. Suas garras falham e ele parece querer que seu fim seja o mais breve possível. Ele carrega consigo a mágoa de ser o único X-Men sobrevivente (ou um dos). Um ataque descontrolado de Charles Xavier acabou com quase toda a raça mutante, inclusive os amigos mais próximos do grupo. E essa carga e culpa está escancarada no semblante dos errantes Logan e do que restou do personagem que um dia ostentou o cérebro mais brilhante do mundo, Xavier. Para manter todos a salvo de outro ataque descontrolado, Logan trabalha como motorista de limusine, praticamente um Uber (ouch!) e traz os provimentos para o lar, que ainda conta com o mutante farejador Caliban (antes visto sempre com os Morlocks). Dopando Xavier diariamente, Logan tenta evitar que mais desgraças aconteçam, mesmo que isso custe a sanidade do antigo amigo.

Enclausurado numa caixa d’água, aqui uma clara referência ao Cérebro (máquina que amplia os poderes de Xavier e era usada para encontrar novos mutantes na franquia) ele ainda consegue “sentir” a mutante X23, ou Laura. E a enfermeira que a retirou dos experimentos a qual foi vítima, aqui usando o DNA de Logan, espera que ele possa salvá-la. O objetivo é que ela chegue ao Eden, local onde mutantes podem viver em paz. E aqui a treta: ela sabe do local através de um gibi dos X-Men… (ouch 2). Logan explica que aquilo não existiu, e o que existiu, foi bem pior que o romance das páginas. É enfim, ainda estamos em um filme de James Mangold.

Quem também está atrás de Laura são os Carniceiros e a empresa que busca pelos mutantes clonados e criados em laboratório. O objetivo é aquele de sempre, tentar criar um soldado invencível. Mas ali são crianças, e um motim faz com que todas elas fujam. Aqui vemos alguns easter eggs e personagens adaptados, como Julio Richter, o Rictor (X-Factor), e a cena em que X23 peita Logan para ajudá-la a encontrar os amigos.

E a X23, desde a primeira vez que aparece já rouba a cena. E talvez ela seja o melhor do filme. Sem dó nenhum, ela arranca cabeças (cena incrível) e, mesmo com poucos diálogos, fala e interpreta da melhor forma, com o gênio herdado do “pai” Wolverine. Como disse Xavier: “Ela é como você, muito parecida com você, na verdade”. E Laura detona e mostra suas garras… todas elas. A partir da perseguição dos Carniceiros em busca da X23, temos o início de um road-movie, que inicia com três integrantes, mas que vai deixar o corpo de Charles Xavier enterrado em uma floresta qualquer. O inimigo? Uma réplica mais jovem e mais forte do próprio Logan. O que por si só quebra o encanto do filme, afinal, simplificar a ameaça com outro clone deixa a vida um pouco menos simbólica (e podiam ter aproveitado outros personagens clássicos como Cyber ou ainda Omega Vermelho).

Logan, o Uber que você respeita!

Antes da morte de Xavier, é claro, temos aquelas cenas que aproximam os personagens. O professor X e Laura estão em um hotel em Las Vegas, quando assistem ao clássico de 1953, Os Brutos Também Amam. O diálogo em questão, será reproduzido por Laura nas cenas finais.

Enfim, somos surpreendidos com as revelações de como surgiu Laura. A ideia de contar os bastidores como gravações amadoras em celular dão um tom de veracidade para os planos malévolos da empresa que quer criar, novamente, a arma perfeita. Esse é mais um grande acerto de Mangold: a ideia da câmera na mão de cinegrafistas amadores.

Donald Pierce, está bem encarnado por Boyd Holbrook. É ameaçador, mas os Carniceiros acabam sempre sendo vítimas frágeis para Logan (sentimos falta de outros Carniceiros como o Esmaga-Ossos, Lindinho ou Racha-Crânio), Laura, e os outros mutantes. Sim, temos uma galerinha do barulho que saiu do mesmo laboratório da menina de garras. Entre eles, único famoso, como falamos anteriormente, é Rictor. E, além dos gibis e referências já vistos nos trailers, como para o uniforme clássico do Wolverine, temos também um brinquedo do carcaju com a roupa amarela, segurada por um dos pequenos mutantes nas cenas finais quando ocorre o ENTERRO. Sim o enterro de James Howlett, para sempre, afinal, Hugh Jackman já tinha dito que seria sua última aparição como Wolverine. Então Laura repete o diálogo de Os Brutos também amam, vira a cruz para o formato de X, e sobem as legendas ao som de Johnny Cash, com The Man Comes Around.

Lágrimas no cantinho do olho e a expectativa por mais X23 nas telonas… e quem sabe um novo Wolverine em breve, mas nem tão alto, e nem tão galã.

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