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Jurassic World: Recomeço mira na aventura. E acerta em cheio!

Já devo ter contado várias vezes essa história. Mas vou repeti-la aqui para fazer o que muito jornalista não gosta: um nariz de cera sobre Jurassic World: Recomeço. Para isso, preciso voltar no tempo, até o ano de 2018 quando comentei com a Bruna Pacheco (editora de obituário e crítica hater da Vigília – risos) que “filmes de dinossauros não têm como dar errado”. Fomos então à cabine de imprensa de Jurassic World: Reino Ameaçado. Murphy (aquele da Lei de Murphy) deveria estar sorrindo em algum lugar do espaço-tempo ao ver a ingenuidade do “menino” Robson Nunes, empolgado com o filme. Pois é, Murphy riu e não foi pouco. Jurassic World: Reino Ameaçado foi uma das mais decepcionantes estreias daquele ano. Afinal, a partir dele, filmes de dinossauros nem sempre dão certo… Mas a régua alta é culpa de um tal de Steven Spielberg.

Chegamos em 2025 (olha, nem faz tanto tempo assim) e eis que Hollywood já está rebootando a franquia. Vale reforçar que em 2022 também tivemos o aleatório Jurassic World: Domínio. Ou seja, a indústria realmente não deixou o cadáver do T-Rex, ou melhor, Indominus Rex, esfriar. E com Jurassic World: Recomeço, temos o quê? Exatamente, um recomeço. Amparado nas estrelas de Scarlett Johansson (Viúva Negra) e Mahershala Ali (dizem que um dia ele será o Blade), o longa de Gareth Edwards (Rogue One, Godzilla) entrega o que a própria franquia faz questão de ressaltar (desde a trilogia anterior): as pessoas não querem mais ver dinossauros. Querem ver algo novo, mais forte e mais assustador. E é o que o filme entrega.

Efeito rebote

Em Jurassic World: Recomeço, é como se vivêssemos um efeito rebote da última trilogia. Dinossauros evoluídos em laboratório fogem do controle (com uma cena de abertura bem besta, baseada em um merchandising terrível com uma marca de chocolate). Passam-se 17 anos e eles, em alguma medida, até conviveram pacificamente com os humanos como se pertencessem à fauna atual. Mas, como sempre, estão em extinção, com uma exceção da zona tropical. Novamente uma ilha remota – desta vez no Equador -, onde os humanos não podem mais acessar. Virou zona de risco e por lá, os dinossauros prosperaram.

Agora só precisamos de um pretexto para que um grupo de pessoas de diferentes perfis devam ir até lá. Em menos de cinco minutos Gareth Edwards apresenta nossos protagonistas. Alguns mercenários e um especialista em dinossauros rumam à ilha para coletar amostras “vivas” de sangue. A meta é ganhar muita grana (muita mesmo) para ajudar uma multinacional de medicamentos a criar um remédio que pode acabar com doenças cardíacas. Pronto. Está aí o pretexto. Mas claro, ainda teremos boas surpresas no meio do caminho.

Além de Scarlett e Mahershala, o grupo conta com Jonathan Bailey (Bridgerton) como Dr. Henry Loomis, e Rupert Friend (nem tão ‘friend’ assim, de O Esquema Fenício) como o engomadinho Martin Krebs. E pasmem, ainda temos uma ponta de Ed Skrein fazendo o que mais faz na vida: um vilão canalha que vai se dar mal em um piscar de olhos. Ele deve se arrepender até o fim da vida por ter recusado continuar como Daario Naharis em Game of Thrones.

Aventura sem compromissos

Com todo esse pacote pronto: uma ilha, poucos recursos, muitos personagens e dinossauros modificados geneticamente rondando o tempo todo, Gareth Edwards deve ter se divertido fazendo esse filme. Ele entrega uma boa sessão, ótima para a tela grande, com recompensas interessantes para quem pagou ingresso. Especialmente no primeiro terço do filme, quando temos ação com Mosassauros (as crianças adoram Mosassauros, tenho dois em casa para comprovar) no meio do oceano. Imagine-se em um thriller de tubarão, mas com uma ameaça 100 vezes maior. E alguns Spinosaurus pra completar.

Depois disso, vamos ao check-list básico. Encontrar os dinossauros necessários. Tirar as amostras de sangue (barbada né?) e voltar pra casa. É claro que quase nada dá certo, e entramos num misto de Indiana Jones (boas referências), Goonies, e claro, Jurassic Park. Desta vez, a direção não poupa o público de ver os animais, que aparecem em seu esplendor, com ótimas tomadas e truques de câmera. A diferença é que nem todos os dinossauros são os que conhecemos. a maioria deles ganhou um upgrade e algum diferencial. Afinal, “as pessoas não querem mais ver dinossauros. Querem ver algo novo, mais forte e mais assustador”. E essa proposta parece ser só o começo de uma nova trilogia… ou uma série ainda maior de filmes.

Jurassic World: Recomeço cumpre o que promete. Não revoluciona o cinema, nem se preocupa com isso. Entrega aventura sem compromisso e o entretenimento necessário para encantar os pequenos e prender os adultos na cadeira. Poderia até ter uma história melhor, mas depois de um duelo marítimo com Mosassauros e a introdução de um D-Rex (isso mesmo, não é erro de digitação), quem liga, não é mesmo?

Veredito da Vigilia

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