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Julia Ormond estrela o suspense sonolento “Vozes do Passado”

Vozes do Passado entrou para compra e aluguel nas plataformas digitais Claro Now, Vivo Play, Google Play, YouTube Filmes e iTunes/Apple TV dia 21 de janeiro.

Uma vez Alfred Hichcock disse: “Há grande confusão, especialmente na minha área de atuação, entre as palavras mistério e suspense. São duas coisas absolutamente diferentes. O mistério é um processo intelectual no qual se adivinha ‘quem fez isso?’, mas o suspense é essencialmente um processo emocional. E isso é apenas um dos problemas de Vozes do Passado (Reunion).

No filme acompanhamos Ellie (Emma Draper) que retorna à casa que passou a sua infância para ficar um tempo com sua mãe, Ivy (Julia Ormand), de quem ficou afastada a muito tempo. Ellie está grávida de seu primeiro filho, e sua antiga residência começa a assombrá-la com memórias do seu passado.

O filme é escrito e dirigido por Jake Mahaffy, diretor de curtas metragens que está em seu terceiro longa. Os outro dois são os independentes Wellness (2008) e Free in Deed (2015).

Em Vozes do Passado, ele tenta criar um suspense que peca justamente “no processo emocional”. Para nos importarmos com o “mistério”, para criar o “suspense”, independente do gênero que estamos assistindo (nesse caso um suspense), temos principalmente que ter empatia com a protagonista ou protagonistas. Temos que nos importar com eles. Em certos casos, até com vilões.

 Julia Ormond em Vozes do Passado
Julia Ormond queimando parte do roteiro de Vozes do Passado

Aqui isso é praticamente nulo. O longa começa com figuras e uma gravação de um livro sendo escrito por Ellie sobre as “origens da ciência moderna na Idade Média e ciências experimentais”, servindo para nos orientar para onde estão nos levando. Depois disso, vemos Ellie chegando em sua antiga casa sendo recebida pela sua mãe. Aí entra a empatia, ou a falta dela. O diretor não soube trabalhar a personagem principal, Ellie (Emma Draper). As informações sobre seu passado vão se revelando no decorrer do longa, mas isso não basta quando ela fica no mesmo tom praticamente o filme todo. Os outros personagens estão no modo “piloto automático”. Julia Ormond (The Walking Dead), como a mãe, até se esforça, mas nada mais é que mais uma personagem genérica de mãe obsessiva dos filmes de terror e suspense.

Aliás, esse filme é um apanhado de clichês do gênero: temos de casarão antigo, fantasmas, magia oculta até personagens misteriosos. James Wan fez isso com “Maligno”, pegou tudo que ele sabe sobre cinema de terror dos anos 1970 à 1990 e nos deu um baita filme.

Emma Draper olhando uma luz no fim do túnel, ou do teto.

O roteiro também não ajuda com diálogos “chaves” sobre a trama jogadas gratuitamente e os famosos “jump scares” que não assustam mais ninguém, porque já sabemos exatamente onde vai acontecer. Todo longa tem sua trilha musical difundida em todo momento tentando gerar tensão, mas isso só “ajuda” para deixar tudo tão vazio, sem peso emocional, sem importância e até mesmo previsível. Você acaba se pegando vez ou outra no celular vendo a hora.

O filme é totalmente ruim? Não, mas é somente mais uma adição dos catálogos dos streaming. É aquele típico filme em sala de espera de algum consultório. Está passando na TV e você está assistindo esperando te chamarem. E se por acaso estiver em casa e não tiver nada para assistir, vale uma conferida esperando o sono chegar, mas depois de 30 minutos, você nem lembrará o que assistiu.

Veredito da Vigilia

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