iBoy, o herói adolescente da Netflix
Em uma Londres cinzenta, onde todos são bandidos, surge o improvável herói de um thriller cibernético que conta com bom elenco
Para início de conversa, a produção original da Netflix “iBoy” é uma ficção científica. Mas ela não veio para mudar o mundo. É entretenimento correto, sem receios de parecer freak, ou até mesmo de se importar com uma improvável origem de poderes. Feita a introdução, a história é um clássico de origem com uma mão pesada em alguns temas, então é melhor deixar as crianças de fora. Tom (Bill Milner, o jovem Magneto em X-Men: Primeira Classe), é o garoto esquisito da escola que tem um interesse amoroso na classe por Lucy (Maisie “Arya” Williams) em uma Londres também fictícia, onde os ricos tem tudo e os pobres perderam todo e qualquer escrúpulo por cometer crimes e outras atrocidades.
Após receber o clássico convite da amiga para ‘ajudar em algumas matérias’, Tom acaba se atrasando, o que será trágico tanto para ele quanto para Lucy. Isso porque ele acaba se deparando com um estupro coletivo da amiga e foge com o telefone na orelha, já ligando para a Polícia. Mas na fuga acaba levando um tiro na cabeça, justamente ao lado em que estava o telefone. Fragmentos do aparelho acabam incrustados ao seu cérebro (uma história que poderia estar passando no SiFy não é mesmo?) e sua vida nunca mais foi a mesma. A partir de agora ele tem uma conexão misteriosa com o mundo online, aumentando suas percepções e permitindo-lhe um controle interminável das possibilidades que se pode ter no mundo cibernético e cheios de Zero e Um.
Mas a concepção de uma cidade e uma sociedade ruins são os agravantes para Tom. E essa é a parte que torna iBoy uma produção um pouco mais interessante. O tom (e agora não é o personagem) da trama é marcado pelo contexto onde até mesmo seus melhores amigos podem te trair por qualquer dinheiro. Os efeitos especiais, embora não sejam mirabolantes, funcionam e nos permitem entrar um pouco mais na cabeça do personagem. O elenco também está bem escolhido. Bill Milner e Maisie Williams se destacam, e o vilão final fica por conta de Rory Kinnear, que sabe fazer muito bem a pose cínica necessária para intimidar. O thriller de ficção científica dirigido por Adam Randall, por fim, acaba funcionando, e é uma boa pedida para aqueles dias em que se perde horas zapeando pela Netflix.