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Homem-Aranha: Através do Aranhaverso consegue o melhor e supera seu antecessor!

O cinema tem algumas regras, ou melhor, chavões, que por vezes servem muito mais para ilustrar um pensamento do que propriamente contar uma verdade. Vou me permitir fazer uso deles. Uma das mais recorrentes é de que uma sequência nunca supera seu original. Mas, hoje, estamos falando de Homem-Aranha. O que abre um precedente importante. Afinal, Homem-Aranha 2 (Sam Raimi, 2004) é um longa que supera e muito o seu original. E agora, em Homem-Aranha: Através do Aranhaverso, a ideia se repete. Temos uma continuação, que, por mais que seja “um filme do meio” de uma trilogia, supera Homem-Aranha no Aranhaverso (de 2018), animação ganhadora do Oscar. E isso meus amigos, não é pouca coisa.

A nova trama de Miles Morales (dublado por Shameik Moore no original e Cadu Pascoal no Brasil) é basicamente uma grande obra de arte. Cada frame, cada cor, cada pincelada na tela, seja ela mais artesanal ou mesmo sofisticada com o que de melhor um computador possa fazer em forma de estilo ou design é pingo de um trabalho árduo de toda uma equipe que seria impossível de citar em uma crítica aqui na Vigília. Cada splash na tela é um wallpaper que gostaríamos de emoldurar e colocar em algum canto valioso da casa. É realmente coisa de louco.

Fora a excelência gráfica, temos o motor da trama e seus pontos de emoção. E nele, o item essencial para que o filme conte uma boa história do início ao fim. Como em 2018 já fomos apresentados a todas (se é que isso é possível) possibilidades do multiverso do Homem-Aranha, agora partimos de um alicerce com bases firmes. Depois da origem de Miles Morales, um dos muitos Homens-Aranhas, e um dos maiores acertos da Marvel nos quadrinhos em décadas, agora tudo começa de outro ponto de vista: o de Gwen Stacy (Hailee Steinfeld no original, e Luiza Cesar no Brasil). A sequência de abertura com a nossa Aranha-Fantasma/Mulher-Aranha já vai te fazer voltar até a bilheteria e pagar por outro ingresso. Assista, se possível, em uma sala que valorize (muito) bem o áudio.

A partir dela, até demora um pouco para termos a chegada de Miles. O que realmente não é um problema. A primeira batalha é outra amostra de como a animação da Sony não está para brincadeira quando o assunto é o Aranhaverso. Também pudera, o estúdio precisa se agarrar com unhas e dentes nessa propriedade intelectual. Perder os direitos do Homem-Aranha é o mesmo que rasgar dinheiro. E nela vemos uma mistura de estilos e “multiversos” sensacional. 

E ok, a partir de agora, vou me ater a outros aspectos. Já ficou bem claro que a animação é 10/10. Até por isso, substituí as fotos da postagem pelos vídeos curtos.

Mas e a história?

O roteiro também é jogo ganho em Homem-Aranha Através do Aranhaverso. O grande fator motivacional do personagem é bem utilizado. O grande ensinamento do Homem-Aranha, para além do clássico “grandes poderes trazem grandes responsabilidades” é o sacrifício (!). Peter Parker e seus pares sempre contaram histórias de superação com aquele pingo de tragédia. E aqui, os roteiristas costuraram muito bem o item que é quase uma covardia. Não estamos falando de uma grande perda como o Tio Ben ou Tio Aaron (no original por Mahershala Ali e na versão dublada por Ronaldo Julio), mas o crescimento de um adolescente que se ressente por tudo que está lhe cercando, e nesse núcleo, seu pai Jefferson Davis (no orignal por Bryan Tyree Henry e no Brasil por Anderson Coutinho) e sua mãe Rio Morales (Lauren Vélez/ Maira Góes). Miles está em um ponto importante de sua vida e escolhas. Qual a faculdade? Por que não posso sair do Brooklyn? Como lidar com um amor? Por que meus pais não me entendem? São fatos que se conectam com qualquer pessoa do multiverso.

E não é só isso. O inverso também é bem construído, com a visão dos pais que estão vendo o filho crescer. Afinal, qual o pai ou mãe que não sente quando seu filho está saindo do ninho, não é mesmo? Nesse sentido, temos o teor emocional para jovens nerds e para quem é nerd há muito mais tempo.

Através do Aranhaverso é um filme perfeito?

Não, Homem-Aranha: Através do Aranhaverso não é um filme perfeito. Uma animação? Bom, aí podemos ter uma discussão interessante. O filme se ressente, assim como o longa de 2018, de uma duração muito longa, o que pode deixar o mais desavisado dando aquela bafejada de cansaço na sessão. E claro, o final, por ser um filme “de meio”, não dá aquela sensação de final. Claramente você sai do cinema esperando por pelo menos mais umas duas horas de história. E certamente temos aquele gancho necessário para já ficar torcendo para a chegada do próximo capítulo de Miles Morales, o Homem-Aranha, o mais rápido possível. 

Inegavelmente Homem-Aranha: Através do Aranhaverso é uma das melhores sessões que teremos em 2023. É para se encantar, se emocionar, vibrar, e até deixar algumas lágrimas pelo caminho. 

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Veredito da Vigilia

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