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Fome de poder | Crítica

Hambúrgueres, família, marketing, ambição. Se juntarmos todos esses fatores, temos o resumo de Fome de Poder (The Founder, 2016). O filme, baseado em fatos reais, que conta a história da fundação do fast-food pioneiro e mais famoso do mundo: o McDonald’s. Fome de Poder é dirigido por John Lee Hancock e conta com uma atuação impecável de Michael Keaton.

Michael Keaton é vilão novamente. Mas dessa vez, ele não ataca o amigão da vizinhança e sim dois irmãos que vivem no interior dos Estados Unidos e têm uma brilhante ideia. Estamos falando de nada mais nada menos que os criadores do McDonald’s, Mac (John Carroll Lynch) e Dick (Nick Offerman), que viraram sócios de Ray Kroc (o papel vivido por Keaton).

Kroc é um vendedor que tenta ganhar a vida com novos negócios. A bola da vez são máquinas de milk-shake. Ele tenta vender revolucionárias máquinas, mas leva um “não” atrás do outro. O quadro muda quando um restaurante, aparentemente pequeno e interiorano, encomenda seis. Quando Kroc liga para confirmar o pedido, eles comentam que repensaram e resolveram encomendar mais duas. Em uma visita ao restaurante, o vendedor fica boquiaberto com o sucesso de vendas. E é aí que vemos toda “fome de poder” (com perdão do trocadilho). Kroc vê que esse será o negócio da sua vida e resolve investir a qualquer custo. Pontos para Keaton, que mostra todo seu brilhantismo e vilania nesse filme. O ator, indicado ao Oscar por Birdman, faz um vilão impecável, ao lado dos caricatos irmãos McDonald’s. As cenas em que ele fala olhando para a câmera (que descobrimos depois ser um espelho) são sensacionais. Frank Underwood aprovaria.

Vemos nesse filme um outro fenômeno: o crescimento das hamburguerias. A jogada de marketing de Kroc foi mostrar que esses locais, diferentes dos falidos drive-ins, seriam um local para levar a família para comer. Temos um Estados Unidos rico pós-guerra, que consome, e que ostenta. E essa sociedade consumista compra muito bem a ideia do fast-food, que logo se torna uma febre mundial. O que ninguém sabia é que os criadores daquilo tudo estavam amargando num interior sem ver praticamente nenhum resultado daquilo. Na época, a ideia fez sucesso porque seguia padrões. A quantidade de de ketchup e mostarda eram balizadas, eram colocados dois picles no sanduíche, o tempo e a temperatura da fritadeira eram minuciosos. Tudo isso para entregar um lanche de forma rápida e totalmente padronizada. O próprio Kroc reconheceu que aquele sistema poderia ter saído da cabeça de Henry Ford.

Tecnicamente, é um bom filme. A fotografia nos joga diretamente para a década de 50, em que se passa o filme. Iluminação, elementos de cena, figurino, são impecáveis. A trilha sonora também valoriza a produção.

Fome de poder peca em seu enredo. Estamos falando de uma história baseada em fatos reais, mas não precisávamos ter uma narrativa tão linear quanto essa. Nenhum grande plot acontece. Em cada dificuldade, Kroc encontra um coadjuvante com a resposta pronta para seus anseios. Nada que acontece é inesperado e/ou surpreendente. Mas nada que ofusque o brilhantismo do filme.

Disponível no catálogo da Netflix, é um bom filme para se assistir. Inclusive, veja levando em consideração o viés de negócios. Podemos tirar boas lições desse filme. E prepare-se para assistir uma história curiosa e sensacional.

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