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Fale Comigo é “sangue novo” no cinema de terror

De tempos em tempos, o gênero do terror no cinema ganha novos respiros… novas obras que acabam impactando crítica e público por sua criatividade, ou, simplesmente, por contar uma boa história. E é exatamente esse o caso de Fale Comigo (Talk To Me), que estreia nos cinemas brasileiros no dia 17 de agosto já com sua continuação confirmada. Da mesma forma que A Bruxa de Blair resgatou o gênero em 1999, com o estilo Found Footage (criado nos anos 80), agora temos um pouco da geração TikTok/Snapchat/Instagram sendo usada como principal condutora de um filme sobre possessão. E a dupla de diretores, os irmãos Danny e Michael Philippou acertou em cheio na proposta.

Crescidos nessa mesma geração, eles são criadores de conteúdo do canal RackaRacka no Youtube, tendo mais de 6 milhões de inscritos. Os irmãos australianos conseguiram chamar a atenção e tiveram sua distribuição com o A24, o estúdio queridinho dos cinéfilos da atualidade por sempre apostar em histórias originais, obtendo a segunda melhor estreia do estúdio nos Estados Unidos. Antes disso, o longa passou pelo cultuado Festival de Sundance, sempre angariando boas críticas e repercussões (abaixo um vídeo colaborando com tudo isso). 

Tá, mas e o filme?

Ok, sem mais enrolações, o longa é direto ao ponto e extremamente competente em contar uma história em 1h36 minutos. Em “Fale Comigo” um grupo de adolescentes começa a se reunir para filmar as reações estranhas (e claro, compartilhar e angariar engajamento em suas redes sociais) que acontecem após um cronometrado processo de possessão. Isso mesmo. Graças a uma “mão” embalsamada (que teria sido de uma vidente, bruxa, ou algo assim) as pessoas conseguem se conectar com espíritos. E a partir dessas possessões, “se divertem” com as situações que possam ocorrer. Principalmente quando se trata de envergonhar os outros. E claro, a brincadeira fica séria. E isso é contado logo nos primeiros segundos de cena, quando os diretores mostram que realmente sabem como deixar a plateia atenta.

Fale Comigo e uma das cenas fortes
Prepare-se para uma das cenas mais fortes do filme

Curiosamente, Fale Comigo não foi eficiente em garantir sustos durante a sessão (pelo menos para este que vos escreve). O maior mérito é construir sua narrativa que relaciona espíritos com vida real (e problemas pessoais de seus personagens) sempre aumentando a sua escala de problemas. E fugindo da obviedade, o filme nos deixa cada vez mais preocupados com o que pode ou não acontecer. Além disso, ao contrário da maioria dos blockbusters de terror, ele entrega consequências pesadas, garantindo o senso de urgência que a maioria dos “finais felizes” que acabam orbitando o gênero não entregam.

O fato de condensar muito bem personagens e seus dramas é também uma das grandes virtudes. Conseguimos nos relacionar com a trajetória de cada um deles, principalmente o da protagonista Mia (Sophie Wilde), ao mesmo tempo em que nos revoltamos em como a juventude hoje em dia estará sempre mais interessada em filmar e postar do que provavelmente ajudar alguém que esteja muito necessitado em frente às lentes dos celulares que carregam. 

Espíritos bizarros atacam em Fale Comigo
O terror de “estranhamento” também está presente em Fale Comigo

O final de Fale Comigo

Com um excelente ritmo do início ao fim, e sem se preocupar com “explicar o inexplicável”, Fale Comigo nos leva a um final em que fica difícil saber o que pode acontecer, se amparando no estranhamento de espíritos que por vezes nos lembram zumbis, ou quase isso e o quão nojento eles podem ser. Mais do que isso, brinca com o jogo de esconder a realidade com o passar do tempo em que as possessões e visões ficam cada vez mais frequentes, deixando para o take final a surpresa necessária para selar o sucesso merecido que vem tendo em todo o mundo.

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