Extermínio expõe a crueldade vivida pelas mulheres trans
Extermínio foi mais um grande grito dentro da programação do 49º Festival de Cinema de Gramado. O documentário de Mirela Kruel, que concorre entre os Longas Gaúchos do evento, expôs um recorte muito pequeno da vida das mulheres trans no interior do Rio Grande do Sul. Porém, o recorte cresce exponencialmente quando imaginamos que ele é também um exemplo de todo o Brasil, um país continental que esmaga diversos tipos de minorias.
Com o estopim de um assassinato ocorrido em 2016, quando a vida de uma mulher trans foi tirada por menores de idade a partir de cruéis agressões físicas, a diretora mergulha no mundo dessas mulheres que vivem à margem da sociedade. A partir de diversas entrevistas e pontos de vistas, ela conduz o espectador a uma realidade que é imaginada, mas pouco ou quase nada vista de forma contundente na vida diária das comunidades.
Segundo Boletim oficial da Associação Nacional de Travestis e Transexuais, 89 pessoas trans morreram só no primeiro semestre do ano. Deste número, 80 foram assassinatos, 9 foram suicídios, além de outras 33 tentativas de assassinatos e 27 violações de Direitos Humanos. Certamente esse dado pode ser maior, dado o número de casos que acabam não entrando nas estatísticas oficiais.
Dentro de todo este contexto, Extermínio ainda se ampara em relatos muito particulares de mulheres trans, que com toda a franqueza, contam um pouco do que acontece em suas rotinas. A maioria delas acaba se amparando na prostituição para conseguir levar a vida. No filme de Mirela Kruel, no entanto, é uma quase unanimidade o coro das entrevistadas. “Gostaríamos de trabalhar com carteira assinada em outras carreiras, mas o preconceito não deixa sermos mulheres trans”.
Extermínio fica disponível até dia 21, último dia do Festival, no streaming do Globoplay.