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Evidências do Amor é uma delícia de comédia

Quando eu digo que deixei de te amar, é porque eu te amo. Quando eu digo que não quero mais você, é porque eu te quero. Confesse. Você leu cantando. E agora vai passar o dia todo cantarolando. Evidências do Amor, o novo filme nacional que estreia nos cinemas dia 11 de abril tem esse dom.

O mérito do filme não é apenas de fazer que em qualquer momento do dia a gente se veja cantando “CHEGA DE MENTIRAS, DE NEGAR O MEU DESEJO” na rádio mental. Mas de conseguir nos fazer ficar refletindo na temática do longa.

Em Evidências do Amor, temos um casal improvável. O longa de Pedro Antônio (dos já excelentes Um Tio Quase Perfeito 1 e 2) é protagonizado por Fabio Porchat e Sandy. Talvez aqui você pensaria “ok, vamos lá, vou desistir de assistir ao filme”. Mas confie na crítica. Fabio Porchat é, mais uma vez, Fabio Porchat. Contudo, é convincente como Marco Antônio. Sandy é ela, mais uma vez, também. Uma médica que queria ser cantora e que usa até mesmo a maquiagem usual de Sandy.

Todavia, o roteiro inteligente e bem executado consegue nos entregar muito além do óbvio. Uma Sandy que fala “merda”, vai no samba e toma cerveja. Um Fabio Porchat que é, muitas vezes, o sem graça da relação.

Preciso usar o subterfúgio do filme e voltar um pouco no tempo para explicar como o longa funciona. Em Evidências do Amor, Marco Antônio e Laura (Sandy) tem uma música para o seu relacionamento. E que música é essa? Evidências. Bingo.

O relacionamento termina e Marco está com dificuldade de superar. Um ano já se passou e ele ainda não entende qual foi o motivo do fim. Aí, em um dia aleatório de trabalho, ele entra em um elevador, escuta a música do casal e volta em uma memória ruim deles. Que ele nem mais se lembrava. E isso acontecesse todas às vezes que ele escuta Evidências.

Em primeiro lugar, já vemos aí um erro. Afinal, é basicamente um crime escolher o segundo hino brasileiro para ser música-tema do seu casal. Essa nunca pode se tornar “A NOSSA MÚSICAAAA”. Porque vai acontecer o que aconteceu com Marco Antônio: escutar em todos os lugares possíveis.

Mas, Evidências à parte, a temática do filme faz refletir muito. Vamos fazer um exercício? Pense naquele amor que acabou. Que deu certo por um tempo, porém, não deu mais. Aquele amor que você queria tirar mais um pouquinho dele, só que não tinha como. Quando você pensa nesse amor, as lembranças são boas ou ruins? Você pensa nele com carinho ou culpa? E já pensou onde você errou? Onde você falhou?

Muitas vezes, precisamos dar dois passos para trás e assumir que, primeiro, temos que aprender a conviver com nós mesmos. Nos questionar se, caso tivéssemos que nos relacionarmos conosco – ou com alguém igual a nós – nos faríamos bem. E precisamos fazer esse exercício de voltar às brigas, aos momentos de incômodo do outro, aos momentos cinzas para podermos entender a nossa postura. Porque um término traz, além de lágrimas e sessões de terapia, muita maturidade. Todos nós erramos. O importante é saber como esses erros podem ser consertados e nos tornarem pessoas melhores. Aqui cabe a frase que Porchat fala e que me impactou muito “não é sobre amar mais, é sobre amar diferente”. Fazer o exercício de ir e voltar em lembranças do relacionamento nos mostra como podemos amar a pessoa da forma que ela deve ser amada. Porque tudo demais sufoca.

E se você precisasse voltar em suas lembranças como Fábio Porchat em Evidências do Amor?
E se você precisasse voltar em suas lembranças?

Voltar nas lembranças também faz com que vejamos onde nos perdemos. Onde aquele amor desandou. Em qual momento que a gente se perdeu. Aqui, o importante é entender que não podemos voltar no tempo e mudar o que aconteceu. Só conseguimos refletir e fazer diferente. Não errar sempre no mesmo ponto.

Ao revisitar as lembranças, todas às vezes que toca Evidências, Marco consegue perceber onde estava falhando. E, apesar de achar que não tinha defeitos e que havia sido um excelente namorado, viu vários erros que cometeu.

Contudo, agora você pode estar pensando “bom, parece um grande drama”. Muito pelo contrário. A dupla Fábio Porchat e Evelyn Castro, sua amiga e fiel escudeira, que ajuda a voltar nas lembranças, funciona extremamente bem. As cenas entre Sandy e Fábio também são boas. O filme é leve e o ritmo vai nos envolvendo. Tudo ao som de Evidências, obviamente.

Analisando a carreira de Pedro Antônio, conseguimos ver que ele tem a grande virtude de fazer uma comédia divertidíssima com toques de drama e sem tornar tudo um grande pastelão. Não temos cenas de vergonha alheia e o humor é muito inteligente.

Ignore a primeira cena em que todos cantam Evidências fora de sincronia e se jogue nessa comédia romântica que faz até os mais céticos acreditarem, novamente, no amor.

MAS AVISO IMPORTANTE: você vai passar uma semana gritando “DIZ QUE É VERDADE, QUE TEM SAUDADE, QUE AINDA VOCÊ PENSA MUITO EM MIM”

Veredito da Vigilia

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