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Dumbo: Tim Burton e um belo universo para pouco drama | Crítica

Revisitar clássicos gera sempre uma incógnita com o resultado. Como não poderia ser diferente, Dumbo chegou às telonas já gerando expectativas, tanto nas crianças que não conheciam a história, quanto nos adultos que cresceram assistindo ao filme. Mas será que a Disney acertou?

Para quem não lembra, Dumbo é um remake do longa-metragem animado Dumbo, de 1941, baseado no enredo escrito por Helen Aberson e ilustrado por Harold Pearl. Farrier, uma ex-estrela de circo retorna da guerra e chega ao circo em que trabalhava, que está passando por grandes dificuldades. Sua nova atribuição é cuidar de um elefante recém-nascido, com orelhas grandes que viraram motivo de piada. Os filhos de Farrier descobriram que o elefante, batizado de Dumbo, tinha capacidade de voar. Aí que entra o empresário Vandevere deixando a história um tanto quanto mais complicada.

Dumbo foi um grande acerto de Tim Burton. O diretor de O Estranho Mundo de Jack (1993), A Fantástica Fábrica de Chocolate (2005) e tantos outros títulos – como o Batman de 1989 – conseguiu recriar a atmosfera circense e incluir todos os efeitos especiais e CGIs numa montagem louvável.

Colin Farrell vive Holt Farrier, Danny DeVito dá vida ao dono de circo Max Medici, a belíssima e encantadora Eva Green é uma brilhante acrobata francesa chamada Colette Marchant. Michael Keaton vive mais um vilão em sua carreira, como em Homem-Aranha: De Volta Ao Lar, e acertou o tom mais uma vez. O elenco infantil, formado por Nico Parker e Finley Hobbins deixa a desejar, sem química com o pai, vivido por Colin Farrell.

Colorido e cheio de efeitos especiais bem feitos, assim como O Retorno de Mary Poppins (dezembro de 2018), Dumbo enche os olhos e coloca sorriso no rosto de quem está assistindo. Tecnicamente, o filme é cheio de acertos. A computação gráfica do filme é bem resolvida e surpreende, principalmente nas cenas iniciais. Os animais não parecem falsos, são bem desenhados, com expressões bem realistas. A fotografia de Ben Davis é esmaecida e nos remete aos anos em que se passam a história.

Entretanto, Dumbo tropeça em um de seus quesitos mais importantes: o enredo. Com menos emoção que a primeira versão, a carga dramática deixa muito a desejar. As cenas são todas muito superficiais, os personagens se tornam um tanto quanto caricatos e não parecem ter química entre eles. Com atuações robóticas, tirando Danny DeVito, Eva Green e Michael Keaton, o filme parece ser muito mais sobre humanos do que sobre animais, que ficam em segundo plano e não parecem importar tanto quanto as tramas secundárias entre os personagens.

Eva Green é um dos grandes destaques de Dumbo
Eva Green é um dos grandes destaques de Dumbo

Simples, sem muitas discussões e lições de moral aprofundadas, o primeiro ato do filme é cansativo. Nem nas cenas mais emblemáticas, como da separação de Dumbo com a sua mãe ou o reencontro dos dois, nos emocionam. Desta vez, os animais não falam com palavras, apenas com os olhos, mas isso não parece o suficiente. O segundo ato começa a ficar mais bem elaborado e emocionante, com a presença de Eva Green e Michael Keaton. Contudo, parece ainda não ser o suficiente.

Mas Dumbo vale. Vale o ingresso, vale investir em um 3D bom de um cinema bom e reservar a pipoca. Quem conhece a história vai se divertir e quem não conhece, vai se surpreender.

Veredito da Vigilia

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