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Dívida Perigosa | Crítica

Pense num filme de máfia bom. Óbvio que a primeira coisa que deve ter vindo a sua mente foi a trilogia do Poderoso Chefão. Não estou querendo comparar o filme Dívida Perigosa (The Outsider), que estreou em 9 de março na Netflix, com o clássico de Francis Ford Coppola, isso seria um sacrilégio. Mas sim, o filme estrelado pelo ator e cantor Jared Leto (tem até uma piadinha pelo fato de o astro ser músico na vida real) é um prato cheio para os fãs desse gênero. Temos o estilo canastrão e bem vestido dos mafiosos, carros de luxo, casas de azar onde acontecem as desavenças e brigas, traições por parte do braço direito do chefe, provas de lealdade e vingança. Enfim, tudo o que o roteiro de um filme de máfia precisa ter.

A diferença de Dívida Perigosa é que a história se foca na Yakuza, a máfia japonesa. É legal ver as peculiaridades orientais em um gênero tão explorado no ocidente, mais especificamente com descendentes italianos. Aqui temos os ritos de passagem bem característicos, como tatuar o corpo, beber saquê, ir assistir a lutas de sumô e até utilizar uma katana para realizar a tão aguardada vingança, “a la Kill Bill”. Coisas que só teríamos em um filme sobre mafiosos japoneses mesmo.

Yakuza genérica em Dívida Perigosa

O personagem de Leto, Nick, é um Gaijin, ou seja um estrangeiro (ou forasteiro se fossemos traduzir ao pé da letra o título do filme). Nick só entrou para a Yakuza porque seu companheiro de prisão quis agradecê-lo por ter sua vida salva por ele. O porquê de Nick estar encarcerado no Japão parecia que seria deixado de lado, mas é explicado o suficiente em uma parte pontual do filme, revelando que o personagem deixou para trás a sua antiga vida e prefere ser um gangster no Japão.

Tirando um e outro erro de continuidade (como estar coberto de sangue em uma cena e na outra a sua camiseta estar branquinha de novo), e algumas cenas de ação nas quais Leto precisa dar uma de John Wick, mas nem de longe tem a mesma agilidade na frente das câmeras, a produção é muito boa. Ambientada em um Japão pós Segunda Guerra e que ainda tem alguns conflitos com os americanos, obviamente por Hiroshima e Nagasaki. Os tons sempre puxados para as cores mais opacas e escuras, o clima dos becos e dos encontros sempre tensos entre as duas facções nos fazem entrar na atmosfera que existia naquela época.

Dos filmes dos quais todo o elenco é oriental, exceto o protagonista – tais como O Último Samurai, Wolverine Imortal, 47 Ronins, etc. -, Dívida Perigosa é o melhor, com certeza.

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