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Com amor, Simon: a arte de chorar no cinema | Crítica

Quero começar com um aviso: não se deixem enganar. Quem vai ao cinema assistir “Com amor, Simon”, que estreia dia 5 de abril no Brasil, e espera um romance adolescente leve, está completamente enganado. Baseado no best-seller “Simon vs. a Agenda Homo Sapiens”, da autora americana Becky Albertalli, o longa faz justiça ao livro e traz cenas que vão mexer com o público.

Fugindo do padrão esperado para filmes de romance adolescente, Simon se apresenta como um garoto comum, que está no Ensino Médio, tem amigos e uma boa relação com a família, porém ele esconde um segredo: Simon é gay. O público é convidado a acompanhar as etapas da aceitação que Simon precisa ter sobre si e as pessoas ao seu redor, sem esquecer de que ele ainda tem de fazer tudo o que os colegas fazem. O roteiro deixou a adaptação muito próxima a vida real, tornando ainda mais fácil o reconhecimento de si no protagonista.

A galera do High School não podia faltar.

Outros exemplos de filmes com temática queer já publicados, como Rezando por Bobby (Russel Mulcahy) e O Segredo de Brokeback Mountain (Ang Lee), retratam uma realidade um pouco diferente da atual, focando bastante em questões sociais e políticas que giram ao redor do direito de ser homossexual, enquanto Com amor, Simon traz essa experiência para um universo bem menor e íntimo. Ele alia a incerteza da adolescência, a necessidade de aceitação e a vontade de ser uma pessoa única em cenas que são simples, claras e doloridas ao mesmo tempo. Houve momentos em que eu, como uma adulta abertamente queer, só quis poder abraçar aquele adolescente e dizer que a vida é assim mesmo e que as coisas iriam mudar. Baseada na quantidade de pessoas que também saiu chorando da sala do cinema, acredito que mais gente vai se sentir da mesma maneira enquanto assistem.

A adaptação, dirigida por Greg Berlanti que já trabalhou com séries como Arrow, The Flash e Legends of Tomorrow, tem uma receita bem clássica para o sucesso: boa direção, ótimo roteiro adaptado, atrizes e atores incríveis e uma trilha sonora cativante. Figurinhas já bem conhecidas como Jennifer Garner e Josh Duhamel fazem parte do elenco adulto. Já as estrelas de Os 13 Porquês (13 Reasons Why) da Netflix, Katherine Langford – que interpretou o papel de Hannah Baker – e Miles Heizer, que atuou como Alex Standall na mesma série, marcam sua volta ao universo adolescente. E se você ainda não havia se apaixonado por Nick Robinson em sua atuação no longa Tudo e Todas as Coisas, essa é a chance de declarar seu amor por ele, que faz o papel de Simon.

Nick Robinson (Simon), Talitha Bateman (Nora), Jennifer Garner (Emily), e Josh Duhamel (Jack).

A trilha sonora também não decepciona em nada. A mistura perfeita entre músicas antigas e lançamentos deixa a dinâmica muito boa e não cansa quem está assistindo. Nomes como Troye Sivan, Whitney Houston, Jackson 5 e 1975 estão entre os músicos que dão o tom da trama.

Clay Jensen e Hannah Baker…. não pera… aqui temos Simon e Leah

O filme é ótimo para ser assistido em família e aborda pontos importantes na relação interpessoal do centro familiar. Com amor, Simon tem uma identidade própria, mexendo com os sentimentos do público e, ao mesmo tempo, trazendo um alívio cômico limpo de piadas preconceituosas e conseguindo ser engraçado. Pessoalmente, esse virou um dos meus filmes favoritos – sendo que o livro já está no meu top 10 também – e espero que mais pessoas, principalmente adolescentes e jovens adultos, que assistirem o filme, consigam ver que a vida de todo mundo é meio esquisita e estranha, mas que é possível encontrar coisas boas também.

Veredito da Vigilia

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