Crítica

Carter, da Netflix, é um desastre de ação 

Ação intensa, pitadas de suspense, um agente com amnésia. Perseguições internacionais e muita porradaria resultam em “Carter”, nova produção sul-coreana da Netflix, com Jung Byung-gil.

Carter é o nosso protagonista (claro). Ele acorda seminu em uma cama de hotel, sendo perseguido por agentes norte-americanos e descobre um ponto em seu ouvido que traz a voz de uma mulher lhe dizendo que deve seguir as regras que ela dará, ou uma bomba instalada em sua cabeça se acionará. Um artifício que já vimos usando em O Esquadrão Suicida.

Já de início, temos uma sequência insana de ação, antes de qualquer explicação, o que já nos mostra a que o filme veio. Carter é um daqueles heróis bons de pancadaria, capaz de enfrentar exércitos e lidar com qualquer desafio que venha pela frente. Acredito que ele se daria muito bem (ou não) com John Wick, por exemplo.

Com o longa, temos a chance de encarar muita ação com uma produção diferente do que estamos acostumados, por não se tratar de Hollywood. E a experiência, nesse ponto, se torna muito positiva, ao trazer enquadramentos, sequências e um visual fora da caixinha que os EUA nos colocou.

E por falar nos EUA, talvez esteja aí uma grande problemática do filme. Em contrapartida da produção nos trazer uma perspectiva diferente de filmes de ação, o plot e a repetição intensa de alguns artifícios trazem a sensação de que Carter tenta se igualar demais ao cinema hollywoodiano, fazendo com que o ponto anterior quase se torne esquecido ao longo da trama.

Trama essa que dá voltas e mais voltas, deixando o telespectador zonzo e confuso, ao invés de intrigado. 

Na história, podemos acompanhar conflitos entre Coréia do Sul e Coréia do Norte, tendo o nosso protagonista, sem memória, tendo que entender de que lado realmente está. O antagonismo das Coreias, tema tão pouco abordado no cinema mainstream, poderia ter sido outro ponto muito interessante, não fosse, novamente a “interrupção” norte-americana, com uma equipe que tenta caçar Carter, que surge na história sem muita necessidade.

Inclusive, temos a participação de Mike Colter, o nosso Luke Cage, e de Camila Belle, que pouco somam à trama e aos acontecimentos.

Todos esses conflitos internacionais são motivados e atenuados pelas diversas possibilidades da real identidade de Carter e também por conta de um vírus terrível, que está infestando a humanidade (massaroca de ideias, não é mesmo?). Familiar? Mais ou menos, pois aqui, apesar de termos debates sobre vacinas e uma pandemia acontecendo, o principal sintoma é uma mistura de doença da raiva com zumbificação (mais uma vez, massaroca).

Além de (tudo) isso, temos uma série de cenas desnecessárias de ação que envolveram o uso de CGI/fundo verde/qualquer coisa desse tipo, que chegam a ser embaraçosas de tão mal feitas. Novamente, tudo sem necessidade alguma, já que Byung-gil deu conta do recado, com êxito, como herói de ação.

Resumindo, todo o começo impactante de Carter logo se transforma em um desastre total, misturando o que poderiam ser uns três filmes em um só. Uma pena.

Veredito da Vigilia

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