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“Buscando”… um thriller como poucos | Crítica

“Buscando” já pode ser colocado na lista das grandes (e positivas) surpresas do ano. Com uma inventividade narrativa não vista ainda nas telonas, o thriller dirigido pelo diretor “nova safra” Aneesh Chaganty vai agradar em cheio aos que gostam de um filme repleto de mistérios, pistas, descobertas e viradas de roteiro. Tudo isso contado de uma forma bastante familiar para a geração atual. Do início ao fim, “Buscando” é um filme visto pelo ponto de vista de nossos gadgets de rotina, seja ele o computador, um chat, um aplicativo de telefone, um vídeo no YouTube, enfim. É incrível como o filme e a história ganham contornos tão interessantes sem a necessidade de pirotecnias. A quebra dos padrões de narrativa é essencialmente criativa, mostrando que não é o efeito especial que conta uma boa história.

Logo de cara o espectador já é jogado para uma tela de computador. E tudo aos poucos vai ficando muito interessante. E aqui, uma grande ressalva para a produção: ter que adaptar TODOS os textos que existem em uma interface de computador ou internet para as mais variadas línguas ao redor do planeta é um trabalho digno de aplausos. Sabe o “Menu Iniciar” do seu PC? Pois é, está lá. Sabe aqueles pop-ups chatos de sites duvidosos? Sim, eles também aparecem, e tudo fielmente adaptado para o Português, com os temas universais que cercam esse mundo todo. Por isso reforço, deve ter sido um trabalho do cão. E dá pra multiplicar para pelo menos algumas dezenas de idiomas por onde o filme deve passar. Palmas para Chaganty e sua equipe.

 

A costura já mostra nos primeiros frames, e de forma primorosa, praticamente todo o background que precisamos ter da família Kim, composta por David Kim (John Cho), Pamela Kim (Sarah Sohn) e Margot (vivida na fase adulta por Michelle La). De todo o núcleo, você deve lembrar de Cho por suas participações na nova leva de Star Trek (ele era o Sulu) e também na série New Girl. Logo na apresentação, toda a forma de contar a história já nos prende, de forma que realmente passamos a nos preocupar com tudo que ocorre com a família. E não é preciso mais do que cinco minutos. Até mesmo a forma como é contada a morte de Pam é algo que tira suspiros do público. Mas calma, isso não foi um spoiler.

Os conflitos começam para a família Kim quando o vigilante, mas ao mesmo tempo, fechado pai, não atende algumas ligações da filha durante a madrugada. Ali começa o pesadelo de um pai que vai lutar até as últimas consequências para reaver a filha, o laço que lhe resta de uma família que poderia ter estampado facilmente uma propaganda de margarina na televisão. O sumiço inicia a tal “Busca” que o título do filme nos sugere.

Na cena do crime é que as coisas podem surpreender.

É interessante que a todo momento se espera que a narrativa saia do ponto de vista dos tablets, celulares, computadores e vídeos de internet. E isso, novamente, de forma louvável, não acontece tão cedo. Então, desde o apagar das luzes do cinema, acostume-se, você verá um filme diferente quase que do início ao fim. E quando essa fuga realmente acontece, é de forma orgânica, sem atrapalhar. Aliás, toda a trama flui de forma muito bem elaborada. E como é um thriller, é imprescindível ficar atento a todos os detalhes. Você vai sim querer saber a todo custo o que realmente aconteceu com Margot.

Ao mesmo tempo que explora diferentes pontos de vista narrativos, “Buscando” consegue aliar de forma brilhante algumas noções que temos hoje em dia em tempos de redes sociais na internet e vida conectada. Os assuntos bombam no Twitter, vemos comentários maldosos no Facebook, temos reações inesperadas no YouTube, clássicos casos de pessoas que buscam se relacionar aos assuntos para ter ibope e “lacrar” nas redes (e como tem gente falsa nas redes né?) e até mesmo algumas lives comprometedoras. Tudo bem colocado, até mesmo quando serve como um alívio cômico.

Falar de “Buscando” em 2018 funciona muito bem e o efeito surpresa é realmente marcante. Talvez num futuro muito próximo, algumas situações possam ter seu prazo de validade vencido. Ainda assim, é um dos melhores thrillers de entretenimento dos últimos anos. Aposta na simplicidade, sem grandes necessidades e sem grandes nomes de elenco. “Buscando” conta uma história direta e de um ponto de vista inovador. Pena que às vezes alguns estúdios e cineastas percam a noção de que menos é mais.

“Buscando” estreia no dia 20 de setembro e a Vigília Mais do Que Recomenda!

Veredito da Vigilia

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