CríticaSéries

Black Summer, zumbis sem novelinhas | Crítica

Uma nova série de zumbis lhe aguarda no catálogo da Netflix. Em mais uma daquelas produções fáceis de maratonar, Black Summer traz uma história rápida, sem rodeios, de um mundo rodeado de mortos-vivos. Mas aqui, nada de seres moloides, que se arrastam e que dificilmente lhe alcançariam em uma corrida. Estamos falando de uma espécie de spin-off de Z Nation (não que isso seja um bom indicativo), onde os, antes humanos, e agora monstros, mostram uma agilidade um tanto perigosa para quem precisa correr, fugir, matar e tentar sobreviver. Em Black Summer, as coisas são mais difíceis para quem ainda não se transformou em um devorador de carne humana. A criação e produção executiva fica a cargo de Karl Schaefer e John Hyams, ambos de Z Nation.

Na trama, tudo já começa em meio ao caos. Rose (interpretada pela atriz Jaime King), junto da filha e do marido, está buscando refúgio junto aos militares antes de algumas operações extremas para acabar com uma verdadeira horda de zumbis que toma conta de todo o país. Mas algo não sai muito bem. Ou quase nada bem. De cara ela é obrigada a se separar da filha e continuar sua fuga até um estádio, onde estariam saindo conduções para deixar o estado, que está completamente dominado pelos mortos-vivos. Obviamente, nada sai como o esperado.

A partir daí, entramos em uma boa série que investe menos em diálogos e verborragia, mas sim em ação, fuga e momentos de angústia total. Em oito episódios vemos um grupo se encontrar, se separar e se reencontrar, todos com o intuito apenas de sobreviver. Não são raros também os momentos em que a direção e a narrativa utilizam apenas do visual para contar a trama. Não necessitamos de falas ou explicações, apenas enquadramentos, diferentes ângulos e puramente imagens. E tudo isso dá muito dinamismo à produção. O clima de tensão prende o espectador e não será estranho se você assistir a todos os episódios em um ou dois dias.

Explorando de diferentes formas o grupo bem heterogêneo que não recebe ajuda do exército, vamos sendo expostos aos limites racionais em que humanos se colocam em momentos de pânico. O clássico paralelo de humanos que perdem a própria humanidade. Exceto por um episódio, que surge meio sem grandes explicações em meio à essa temporada, mas igualmente movimentado e fluido, vemos capítulos repletos de sub-tramas, sempre com cortes rápidos e picotados, que servem de estímulo, variando a história dos diferentes personagens. E o mais legal, os zumbis realmente dão medo.

Rose (centro) é a nossa guia nesse mundo caótico de Black Summer

Black Summer chegou a receber bons elogios do mestre do terror, Stephen King. Ele manifestou em sua conta do Twitter algumas de suas impressões e de forma direta deixou algumas críticas no ar para o gênero de terror. Entre elas, a questão de não termos adolescentes aborrecendo a trama e de que sim, ainda é possível se assustar com zumbis. “Showrunners poderiam aprender muito com isso”, cravou King.

Realmente Black Summer trouxe ao terror de zumbis uma carga interessante e um novo olhar. Afinal, não precisamos de grandes dramas e barrigas desnecessárias, tão pouco flashbacks. De forma direta, a série aponta para questões mais pragmáticas: você está ferrado e precisa fugir. E em uma gama de filmes e séries que tanto já exploraram essas questões, a novidade surge sem a pretensão de ser algo muito maior do que poderia. Na guerra, não há segundas chances ou tempo a perder. No entanto, você pode se surpreender se der uma para Black Summer. A Vigília Recomenda.

Veredito da Vigilia

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *