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Belo Desastre e seu título autoexplicativo

Em Belo Desastre, prepare-se para momentos cringe, alguns absurdos e para um romance mediano (que até pode agradar). Adaptação do livro homônimo de Jamie McGuire, essa é a história de Abby e Travis, um “casal-quase-casal-que-é-casal”.

Belo Desastre introduz Abby Abernathy (Virginia Gardner, de A Queda), uma garota em fuga de Las Vegas, com um passado obscuro, em busca de uma nova vida na cidade de Sacramento, para cursar faculdade ao lado de sua melhor amiga, America (Libe Barer, de Sneaky Pete). Suas expectativas por um futuro melhor parecem mudar quando ela conhece Travis “Cachorro Louco” Maddox (Dylan Sprouse, de After e Meu Namorado Fake), o garoto problema.

E é no ‘auge dos cinco primeiros minutos do filme’, que o desastre (literalmente) começa. Os eventos começam a acontecer rápido demais, sem que tenhamos a chance de conhecer, de fato, a nossa protagonista e de, alguma forma, nos conectar à ela e sua história.

A sinopse já é clara: trata-se de duas pessoas complicadas, iniciando um relacionamento complicado. O problema é que os roteiristas parecem ter esquecido a importância da construção de personagens para que possamos nos envolver, de fato, com tudo que vai acontecer.

A adaptação optou, como era esperado, em mudar alguns aspectos da obra original. Alguns personagens são omitidos, outros arcos são misturados. Porém, algo relativamente importante acabou sendo descartado na privada. O tal passado obscuro da nossa protagonista fora revelado ainda na trilha de abertura, impossibilitando uma maior construção de tensão para o espectador e até para o casal em si.

Apesar disso, o longa acertou em deixar de fora uma grande problemática do livro: o relacionamento extremamente tóxico entre Abby e Tyler. Os capítulos nos conduzem a uma dinâmica repleta de “red flags” (bandeiras vermelhas) levantadas pelos protagonistas, que vivem uma relação de codependência e masoquismo emocional absurdos. O filme ameniza a situação, permitindo com que, apesar da dificuldade de criação de empatia, seja mais fácil torcer pelo casal.

Virginia Gardner e Dylan Sprouse, o irmão famos de Cole Sprouse (risos)

Lançado em 2011, ou seja, mais de uma década atrás, a obra na íntegra de McGuire nas telonas não condiziria com a régua do público de hoje. Mesmo ainda populares, filmes como 50 Tons de Cinza, After (que também conta com o nosso protagonista) e Barraca do Beijo, são amplamente criticados e problematizados pelo grande público, por apresentarem uma narrativa romântica completamente deslocada da realidade (e não no bom sentido).

Esse pode ser um dos poucos pontos positivos para Belo Desastre, o filme. Depois disso, temos algumas situações que podem ser interpretadas de diversas formas, a depender do seu humor e da sua expectativa com o longa.

O primeiro deles é Dylan Sprouse, uma surpresa um tanto inusitada para o papel do bad boy Travis, que é descrito como musculoso, tatuado e perigoso. Ou seja, o “combo perfeito” para o crush perfeito. Apesar de uma boa preparação, Dylan fica bem longe disso, o que, não precisa, necessariamente, ser ruim. Sprouse trouxe, assim como a narrativa, uma versão mais suave e água com açúcar da história original, e acabou entregando um par romântico fofo e atraente. O “cachorro louco” quase virou um cachorro de madame. Mas, se você é fã do ator, deve acabar gostando sim do personagem!

O outro ponto é a diversão. Para bem ou para mal, muitas risadas vão rolar ao longo de Belo Desastre. Além de situações dignas e um tanto clichês de histórias românticas padrão, temos alguns momentos completamente nonsense, que deixariam Adam Sandler orgulhoso (aliás, Sprouse foi filho de Sandler no já longínquo “O Paizão”, de 1999). 

Se ainda existir o conceito, Belo Desastre pode ser considerado um filme “B”, que não vale o valor do ingresso de cinema e que, provavelmente, só vai agradar uma pequena fatia do público. Para fãs do gênero, do livro e/ou de Dylan Sprouse sugiro, no máximo, assistir quando (e se) chegar a alguma plataforma de streaming.

Veredito da Vigilia

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