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Asteroid City não é o melhor de Wes Anderson

Quando falamos em Wes Anderson, automaticamente uma imagem se desenha em nossa cabeça. Afinal, o diretor (já) marcou história por sua estética. Contudo, em Asteroid City, até a sua estética deixa a desejar. O filme, nem de longe, é o mais memorável de sua carreira. Por sorte, será esquecível.

Em uma cidade ficcional em pleno deserto americano, por volta de 1955, se desenrola o roteiro deste filme. A cidade recebe uma convenção de Observadores Cósmicos Jr e Cadetes Especiais para entregar medalhas. Lá, famílias que nunca imaginaram se unir, precisam conviver em função de um evento inimaginável.

Com a escolha de ter um apresentador vivido Bryan Cranston, somos avisados que o que virá a seguir é uma peça de teatro encenada por mais de 700 dias. É como se O Show de Truman fosse uma peça teatral, mas todos cientes do que iria acontecer pela frente. Essa experimentação e a ida e volta do roteiro fazem o filme perder o pouco da graça que tem.

Asteroid City flerta, em diversos momentos, com a comédia e com o drama, mas só consegue acertar na estética do diretor. É um filme para quem já foi laçado por Wes Anderson e consegue ficar satisfeito com a belíssima fotografia.

A impressão que temos quando o filme termina é que foi um grande vazio. Um grande compilado de nada em tons pastéis. Por um momento, achei que estávamos diante de um novo Capitão Fantástico. Esqueça. O desenvolvimento da parentalidade, nem de longe, foi uma preocupação.

Esqueça uma nova versão de Capitão Fantástico em Asteroid City
Esqueça uma nova versão de Capitão Fantástico

Muitas ideias são iniciadas no roteiro, pouquíssimas tem continuidade. São muitos personagens, muitos núcleos, muitos enredos que não se conectam com o todo e muito menos um com o outro. A impressão que temos é que tudo é feito de esquetes e, em algum momento, desistimos de tentar entender. Foquei na história principal e deixei tudo que não fosse isso de lado. 

O destaque de atuação é todo de Tom Hanks. Mais uma vez, o veterano ator consegue mostrar versatilidade e apresenta um avô totalmente diferente de O Pior Vizinho do Mundo. Já o restante do elenco Hollywoodiano não mostra a que veio. Scarlett Johansson (Viúva Negra) parece apática em sua personagem. E os outros atores têm papéis tão confusos que é difícil até mesmo de avaliar.

Asteroid City perde diversas chances de ser. Inúmeras possibilidades de explorar o roteiro e ir para o lado inesquecível. Porém, tudo que temos após 1h45 é as suas belas cores e a estética que dessa vez deu uma derrapada em uma cena específica. Era preferível um ET em verde menta.

Ao sair da sala de cinema, mais uma vez, fiquei apenas com as cores de Wes Anderson e a beleza de Scarlett Johansson na minha cabeça. Que bom que foi apenas isso que permaneceu de Asteroid City.

Veredito da Vigilia

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