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Amores Canibais | Crítica

O que era pra ser uma viagem misturando ácido e canibalismo em uma história envolvente morreu na casca. O longa Amores Canibais (The Bad Batch) se vendeu como um quase cult e acabou virando apenas mais um frustrado longa original da Netflix. Disponível no catálogo desde o dia 22 de setembro, a obra da diretora Ana Lily Amirpour (Garota Sombria Caminha Pela Noite) não cumpre a promessa e a essência vendida pelos trailers de divulgação. Estrelado por Suki Waterhouse e Jason Momoa (Liga da Justiça), o filme ainda conta com uma ponta de Keanu Reeves (John Wick – Um novo dia para matar), que ao que parece precisou ganhar uns quilos para encarnar seu personagem, e um quase não identificável Jim Carrey. E mesmo com um elenco considerável, segure a empolgação por aqui.

Na premissa baseada no conceito de um “futuro pós-apocalíptico”, o deserto do Texas se divide em duas cidades onde as pessoas descartadas do mundo perfeito (os lotes estragados – nome original do filme) se agrupam. Um desses grupos é formado por humanos dispostos a tudo para sobreviver, inclusive comer carne de outras pessoas. Já no outro lado, intitulado Conforto, ficam as pessoas que não levam essa possibilidade adiante.

Diante desse cenário, o filme começa tentando impactar. A garota Arlen (Suki) é descartada no deserto pelos humanos mais perfeitos. Largada à própria sorte, ela busca encontrar o Conforto, mas em pouco tempo é pega pelos canibais. Todos eles ilustrados como pessoas muito atléticas, com músculos protuberantes. Não demora muito para ela ter uma perna e um braço servidos no almoço. E aqui pensamos que teremos uma possível fuga para depois uma farta vingança. Mas não. O que temos é uma arrastada apresentação da personagem, seguida de uma rápida passagem de seu antagonista Miami Man (Momoa). Ele, por sua vez, vive com uma mulher e uma criança.

Com uma fuga bem sucedida, Arlen encontra seu objetivo inicial, e por lá fica alguns meses. Licenças poéticas à parte, a direção se preocupa mais em mostrar o ambiente arrasado onde todos vivem, o que fica exagerado e sem muita necessidade. Já armada e com uma prótese na perna, a nossa protagonista sai da área demarcada e confronta a mulher e a criança de Miami Man. Sem lá grandes explicações, Arlen atira na moça e leva a criança para o Conforto. Mas ela perde a menina após uma noite regada a ácido, acordando a poucos metros de distância da zona canibal. Encontrada por Miami Man, ela ganha uma missão. Caso contrário, voltará a servir de alimento.

Com um aprofundamento forçado na trama, somos jogados a uma situação que seguiria um confortável filme de ação, onde nossa imaginação poderia brincar de Tarantino facilmente. Infelizmente, os caminhos escolhidos em Amores Canibais são tão duvidosos e sem sentido que desmoronam a expectativa do espectador mais otimista. Não vemos a tal paixão entre homem e comida, ou protagonista e antagonista, como se tentou construir. A relação realmente não convence. As viradas de roteiro não justificam nada e não jogam mais motivações aos personagens. Bem pelo contrário. Embora todo esmero visual do filme (as cores e os cenários são um ponto alto), a ousadia implícita na obra acaba esbarrando em uma total falta de algo melhor para contar. Dessa forma, a narrativa se resume em parecer cult, sem contar uma grande história.

 

One thought on “Amores Canibais | Crítica

  • Thiago Basilio

    Por ser um filme cult a mensagem do filme é totalmente implícita(neste caso). Ao expor a resenha como um filme ruim, o filme deveria ser entendido por completo ao invés de realmente depredar este.

    Resposta

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