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Amor, Sublime Amor é a perfeita atualização de um clássico

É inegável que reeditar um clássico é um desafio imenso. Se o clássico tiver 50 anos e for um marco do cinema, a tarefa se torna uma missão quase impossível. Porém, sabemos que deixar qualquer coisa na mão de Steven Spielberg é quase garantia de sucesso. E, como você pode imaginar, Amor, Sublime Amor é uma belíssima homenagem ao musical de 1961.

Sem cometer os mesmos “erros” do passado, o longa consegue entregar uma Maria, de Rachel Zegler, com muitas camadas. Inclusive, a atriz brilha em seu papel. Uma mulher complexa, decidida, que sabe bem o que quer. As mulheres são um grande destaque nessa nova composição. Mas falaremos mais delas na sequência.

Agora, vamos pensar nas motivações de todo conflito do enredo. Uma limitação territorial com briga de gangues e discriminação com um povo imigrante que foi tão importante para a expansão e construção dos Estados Unidos. O tema, apesar de ser dos anos 60, se torna cada vez mais atualizado, tendo em vista as atuais discussões sobre imigrações e o preconceito que os povos que precisam procurar outros lugares para construir uma nova vida acabam enfrentando.

Em uma fala muito bonita de Anita (Ariana DeBose), é possível refletir sobre toda essa discussão imigratória. Sobre a falta de acolhimento, sobre o preconceito e sobre a falta de empatia dos povos. Vale a pena inclusive levar essa frase para discussões importantes sobre a pauta.

A fotografia é um grande acerto de Amor, Sublime Amor
A fotografia é um grande acerto do filme

E outra pauta bem explorada é a sororidade feminina. A importância das mulheres se unirem, apesar de cada uma ter um lado na discussão, elas precisam pensar umas nas outras quando a questão é a segurança da mulher. Homens, entre eles, são solidários e podem se juntar para fazer qualquer coisa – inclusive maldades. Mulheres precisam se proteger. A constatação é triste, mas só assim vamos poder driblar as ameaças constantes de estupro e violência em geral. Não existe nada mais over que a rivalidade feminina.

Além de trazer ao centro discussões importantes, Amor, Sublime Amor é impecável tecnicamente. A dica é: assista nos cinemas. Afinal, estamos falando de Spielberg. A fotografia é linda e constrói o entendimento sobre o longa. Enquanto os americanos usam cores frias, os porto-riquenhos usam cores quentes. Essa mistura de cores faz com que o filme vá se complementando e se explicando, sem precisar falar nada. 

Como todo bom musical da Disney, a trilha sonora complementa e conta a história. Porém, prepare-se para 2h40 de musical. O ritmo é lento e os acontecimentos não são dinâmicos. Tanto que se passam poucos dias entre o início e o fim do filme. 

Spielberg e o elenco de Amor, Sublime Amor
Spielberg e o elenco de Amor, Sublime Amor

Uma escolha que achei questionável do diretor foi não legendar as frases em espanhol. Para nós, latinos, que falamos português e conseguimos arranhar no espanhol, não é um problema. Mas, para quem não tem a vivência da língua, pode perder alguns momentos e discussões interessantes.

Amor, Sublime Amor estreia dia 9 de dezembro nos cinemas e é um clássico que precisa ser assistido. É uma versão atualizada e com cheirinho de Oscar de um dos filmes que entraram para história do cinema … e podemos arriscar que essa nova versão vá entrar também.

Veredito da Vigilia

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