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Aggretsuko, a panda metaleira | Crítica

Aggretsuko nos traz “Retsuko, uma escorpiana, de 25 anos, solteira, com sangue tipo A”. Essa descrição pode soar como o perfil de alguém em uma rede social de relacionamento, mas é apenas como uma panda-vermelha se apresenta para o público no novo anime da Netflix: Aggretsuko. Baseado na personagem da Sanrio, mesma criadora da famosa Hello Kitty, a história acompanha essa simpática mamífera e sua rotina estressante no escritório de contabilidade, que só é aliviada por uma boa dose de Death Metal, cantado de maneira secreta, em uma casa de karaokê.

De cara, a trama de Aggretsuko pode parecer fora do comum até demais, mas com o passar dos 10 episódios, de apenas 15 minutos, você acabará enxergando um reflexo da sociedade atual, na qual muitas pessoas sofrem assédio moral no trabalho, mas permanecem pela necessidade pagar os boletos no final do mês; são reprimidas e buscam uma válvula de escape em alguma coisa que tem vergonha de externar para o mundo; acreditam que a felicidade está atrelada a compromissos sociais, como o casamento por interesse ou pressão dos demais por exemplo, entre outros.

Para o chefe Porcão, Retsuko nunca está “ocupada”

As mensagens nem tão subliminares de Aggretsuko são reforçadas pelos estereótipos dos personagens. Temos o chefe machista do setor de contabilidade que é um porco; a fofoqueira de plantão que é uma hipopótamo; a megera representada por uma cobra; a manipuladora por uma cervo; o puxa-saco por um suricato; a amiga preguiçosa dela que não gosta de trabalhar, que é uma gata e assim vai. Outra metáfora baseada em animais, demonstrando a mensagem que se quer passar, é quando os personagens citam que um casal prestes a casar não combina e eles são um gato e um rato. Não precisa dizer mais nada.

Somente no karaokê a panda-vermelha consegue se soltar

Nada subliminar são os momentos em que a panda-vermelha coloca todo a sua “fúria” para fora, com as letras de Death Metal sendo literais, falando contra o capitalismo, machismo, hipocrisia e todos os sapos que Retsuko é obrigada a engolir na vida, mas não tem coragem de falar na cara das pessoas (a não ser quando todos estão bêbados em um happy hour).

A evolução da personagem se dá quando ela sai do seu meio e conhece as duas “mulheres” (uma águia cheia de personalidade e uma gorila toda feminina). Essas figuras, que se aproximam de Retsuko em uma aula de Ioga, mudarão a sua vida de uma vez por todas. É interessante ver como elas incentivam a estagiária de contabilidade sair de sua zona de conforto, fazendo-a até mesmo confrontar o seu chefe, repensar sobre perspectiva de vida e até enxergar quando ela está em um relacionamento em que o seu parceiro é egoísta, mas ela prefere não ver o quanto está deixando de ser ela mesma. Tudo isso acontece na famosa sala de karaokê.

Os personagens são representados por animais que condizem com as suas personalidades.

Aggretsuko é um anime que aborda temas pesados e bem adultos de uma forma lúdica e com um visual agradável e bem alegre. Talvez por isso que os momentos de “fúria” (você vai entender melhor essa palavra quando assistir a animação) contrastem tanto quando acontecem. Eles são explosivos e diretos. A Vigília recomenda, e muito essa obra.

Veredito da Vigilia

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