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3% | Crítica da 2ª Temporada

Se a primeira temporada de 3% havia nos deixado com a pulga atrás da orelha em vários aspectos, isso era motivo para comemorar. A segunda temporada da série respondeu todas as perguntas feitas ao final dos primeiros dez episódios e surpreendeu, e muito.

De cara, já começamos no local em que mais tínhamos curiosidade de conhecer: o Maralto. Toda a tecnologia, o verde, a água abundante, bem diferente do que temos no Continente, nos são apresentadas da melhor forma. Michele (Bianca Comparato) continua sendo o centro de tudo, ficamos até o final tentando descobrir se ela é do bem ou do mal e – SPOILER ALERT – aparentemente, no final, descobrimos. Mas nem tudo são flores: o Continente continua lá, vivendo na extrema pobreza e sujeira.

Maralto, Continente, Causa, Processo. Prepare-se para escutar essas nomenclaturas o tempo tudo. Tudo é resumido em um enredo novelesco, daqueles que nenhum roteirista Hollywoodiano conseguiria repetir. São tantos bandidos-mocinhos, tantos personagens ligados, que temos surpresas em todos os episódios. O ritmo é bom, conseguimos nos empolgar, mas senti falta do Processo em si. Porém, a série tomou um rumo que realmente ninguém esperava.

São várias viradas de roteiro novelescas e bem brasileiras… digamos assim. E isso tudo deixa a produção bem envolvente, mas um tanto quanto piegas, diversas vezes. Algumas soluções são tão simples que ficamos até decepcionados. E outras coisas são tão irreais que chegam a dar uma certa raivinha. Rafael, por exemplo, fez um rádio para tentar se comunicar do Maralto com a causa. Em primeiro lugar, ele não vai conseguir uma frequência limpa de um lugar onde se precisa de um submarino para chegar. Sem contar que o Maralto tem um bloqueador de sinal. Tudo errado. E o veneno na bebida retorna, logo no início. Solução mais brasileira impossível.

As referências também estão na teledramaturgia brasileira. SPOILER ALERT – temos a morte de um importante personagem, que termina em uma cena que lembra muito a novela A Viagem (1994, Rede Globo). Se você pegou essa referência, escreva aqui nos comentários! O figurino da Michele é similar ao de Rey, a heroína de Star Wars. Confira:

Star Wars em 3%: Bianca Comparato se reveste de heroína.

– —– ESSE PARÁGRAFO CONTÉM SPOILERS ———

Durante todo o início das cenas do processo 105, fiz uma analogia talvez muito particular, mas muito relevante. Os jovens chegaram ao local, se depararam com as portas fechadas e sem nenhuma explicação. Organizados, eles trabalharam juntos para levantar o portão, tendo assim acesso ao local da prova. Durante todo o tempo, eles seguiram cantando. Não tentaram depredar, não fizeram pichações, nem nada do tipo. Porém, foram agredidos pela polícia do Maralto, e aí sim revidaram. Glória, a nova personagem de extrema importância da série, ficou com seu rosto sangrando. Mas assim que foi prometido à eles que aconteceria o processo, eles sentaram e aguardaram, ordeiramente. E, a cada cena, eu tinha certeza de que aquilo poderia fazer uma verdadeira referência às ocupações nas escolas públicas brasileiras, onde os alunos lutaram para receber melhores condições de ensino e, assim como os jovens de 3%, tudo que eles queriam era lutar por um futuro melhor.

——- FIM DO PARÁGRAFO COM SPOILERS ——

Contudo, apesar de alguns erros, a segunda temporada de 3% vai satisfazer os fãs. Nada de Lost por aqui: perguntas são respondidas. Ah, e só pra avisar: alguns personagens inimagináveis retornam. Resumindo: você vai se surpreender com tudo.

Veredito da Vigilia

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